Dicas simples de alimentação para seguir em 2018 e ser mais saudável
Isadora Rupp
02/01/2018 07:00
Combinação clássica brasileira, o arroz e feijão nos deixa mais saudáveis. Foto: Arquivo/Gazeta do Povo. | GAZETA
Dieta cetogênica, jejum intermitente, low carb: é muito provável que você tenha ao menos ouvido falar — ou até seguido — essas dietas em 2017. E também é possível que você desconheça o Guia Alimentar para a População Brasileira: apesar de ter sido lançado em 2014 (e passado por revisões em 2015 e 2016), o documento que deveria nortear nossas escolhas alimentares ainda não faz parte do cotidiano dos brasileiros.
A ideia do Guia Alimentar, coordenador pelo professor Carlos Augusto Monteiro, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP, é pensar a nutrição diferente. Ao contrário do documento anterior (de 2006), o foco não são os nutrientes, e sim o comportamento alimentar e o resgate das nossas raízes e tradições alimentares. Ou seja: você não precisa entender todas as propriedades e benefícios de uma fruta, mas deve saber quais estão na época.
Com o crescimento de doenças crônicas e da obesidade (segundo o Ministério da Saúde, quase 50% da população brasileira está acima do peso), o Guia Alimentar foi lançado como uma forma de enfrentar esse cenário — sem restrições ou medidas mirabolantes.
Elencamos seis dicas para você seguir em 2018 que vão te ajudar a se reconectar com a alimentação regional, ganhar mais saúde e até emagrecer (se essa for uma das suas resoluções de ano novo):
1 – Prefira sempre alimentos in natura e preparações culinárias
São as frutas, verduras, legumes e carnes — todos alimentos que vêm da natureza. Eles, segundo o Guia Alimentar, devem ser a base da nossa alimentação, compostos com os minimamente processados (arroz, feijão, grãos e castanhas, por exemplo).
Escolher a comida “feita na hora” faz com que colaboremos com um sistema alimentar social e ambientalmente sustentável. E ela não precisa ser complicada – o documento do Ministério da Saúde traz alguns exemplos de combinações saudáveis que incluem alimentos baratos e fáceis de encontrar.
Leve em conta ainda as características de sua região: o cuscuz de milho, por exemplo, é típico na Bahia para o café da manhã. O Açaí é usado no norte com pratos salgados e o pão francês é preferido no sul e sudeste.
Sim, não tem por que banir o pãozinho da sua alimentação: só prefira os mais artesanais, com poucos ingredientes. Preste atenção no rótulo: o ideal é que ele leve apenas cinco ingredientes. Na lista, a ordem do que é utilizado está sempre da maior para a menor. Fuja se o açúcar estiver entre os três primeiros.
2 – Coma feijão com arroz
Combinação tradicional do Brasil e completa do ponto de vista nutricional, a queda do consumo de feijão com arroz no país é diretamente proporcional com o aumento da obesidade: em 2000, o consumo per capita de arroz era de 45,1 quilo em 2000; de feijão, 18. A partir dessa década, ambos alimentos diminuíram na mesa dos brasileiros, que hoje é de cerca de 36 quilos (arroz) e 15 (feijão).
Segundo o Guia Alimentar, feijões (e todas as leguminosas , como grão de bico e lentilhas) são fontes de proteínas, fibras, vitaminas do complexo B e minerais como ferro, zinco e cálcio. Além disso, a combinação tem um alto poder de saciedade e quantidade moderada de calorias.
Para evitar que o prato deixe de ser saudável, a recomendação é não cozinhar o feijão com carnes salgadas, moderar no uso de óleo e sal e caprichar na cebola, alho, louro, salsinha, cebolinha e outros temperos (desde que sejam naturais). Deixar os grãos de feijão de molho (de um dia para o outro, ou ao menos por algumas horas) ajuda eliminar seus antinutrientes (que podem causar gases) e deixa o cozimento mais rápido.
3 – Frutas e vegetais em primeiro lugar. Suco, só às vezes
A diversidade de legumes e verduras no Brasil é imensa, e varia conforme a região. A dica para comer mais é diversificar a forma de preparo: alguns são melhores crus, outros, cozidos e assados. Combinados, vão bem em sopas ou ensopados e em preparações como tortas e molho de macarrão. A regra é a mesma do feijão: pouco óleo e sal, bastante tempero.
Os vegetais fornecem muitos nutrientes, fibras e antioxidantes que auxiliam na prevenção de doenças crônicas e na proteção contra alguns tipos de câncer. Mesma propriedade das frutas. Só não abuse do suco de frutas: ele é saudável, mas tem menos fibras. Além disso, pare e pense: quantas laranjas são necessárias para fazer um copo? Você conseguiria comer todas elas?
4 – Carne vermelha de menos
Apesar da quantidade de proteínas e outros nutrientes, o brasileiro consome carne vermelha demais — segundo alguns estudos, esse excesso está relacionado com a maior probabilidade de desenvolver alguns tipos de cânceres.
Além disso, tem mais gorduras e calorias. A dica, portanto, é deixar a carne vermelha para ocasiões especiais (no máximo, duas vezes na semana), preferir carnes brancas e excluir qualquer tipo de carne em algumas refeições ao longo da semana.
O leite de vaca, considerado vilão, está liberado (desde que a pessoa não seja intolerante à lactose), e pode ser consumido na forma de iogurtes e queijos.
E o docinho? Pode também. Mas prefira uma fruta de sobremesa, ou uma preparação caseira.
5 – Evite ultraprocessados ao máximo
São os produtos criados pela indústria alimentícia: biscoitos recheados, salgadinhos, macarrão instantâneo, sucos artificiais e refrigerantes, produtos congelados prontos e barras de cereal. Fabricados por empresas de grande porte, envolve diversas etapas e técnicas com muitos ingredientes, principalmente sal, açúcar e gordura.
Usa ainda substâncias sintetizadas em laboratório, a partir de alimentos e de outras fontes orgânicas como petróleo e carvão. Um número elevado de ingredientes (mais de cinco) e a presença de ingredientes com nomes pouco familiares (você usaria óleos interesificados e xarope de frutose ao fazer um bolo em casa?) são outros indicativos para fugir do produto.
6 – Coma com regularidade, em companhia e divida tarefas
O documento indica fazer três refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar). Ao contrário do que é preconizado por muitos nutricionistas, não é preciso seguir regras como comer “de três em três horas”. Mas, se você sentir necessidade de um lanche, sem problemas: desde que ele seja uma fruta, iogurte, castanhas ou uma bebida como vitamina de frutas.
Comer em horários semelhantes é outro bom hábito: favorece a digestão e regula o nosso apetite.
Comer na mesa, em locais limpos e confortáveis e sem distrações (como tevê e celular) são convidativos para se alimentar mais devagar e respeitar a nossa fome. Sempre que possível, também faça refeições em companhia de familiares, colegas e amigos: o momento ajuda a fortalecer laços afetivos.
Preferir alimentos verdadeiros e preparações culinárias requer rotina: é preciso planejar idas à feira e supermercado com mais frequência, além de planejar as refeições para evitar desperdícios. E, no fim, lavar a louça. Isso confere um pouco de trabalho, que não deve ser responsabilidade apenas de um membro da família.