Transpirar é normal: no calor, o corpo produz suor para refrescar e regular sua temperatura. Mas quando esse suor vem acompanhado de um odor desagradável, como chulé e cecê, é um aviso de que há algo errado nos pés e axilas.
O mau cheiro nesses casos é o sintoma de uma condição chamada bromidrose, em que algumas bactérias presentes na região produzem o mau cheiro a partir do suor. “Suor naturalmente é inodoro, mas quando entra em contato com essas bactérias, elas produzem um cheiro desagradável. E o ambiente úmido, escuro e quente, como axilas e os pés, é o ideal para sua proliferação”, explica a dermatologista Luciana Faucz.
Para diminuir o cheiro de chulé e cecê é preciso mudar esse ambiente. O principal é controlar o suor. “Para as axilas, é recomendado procurar o antitranspirante e desodorante. O antitranspirante reduz o suor e com isso, reduz a chances do odor, enquanto o desodorante ajuda a neutralizar o mau cheiro”, indica Tatiana Gabbi, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
“Nos pés, a presença de queratina úmida deixa um cheiro característico, descrito como ninho de rato. Se a pessoa suar muito nos pés já fica com cheiro e fica ainda mais complicado se há bactérias que se alimentem desse suor”, diz Tatiana.
Dicas para diminuir o chulé
Evite usar o mesmo sapato dias seguidos e deixe o par usado em local arejado e iluminado antes de guardá-lo
Sempre que possível, deixar os pés arejados, usando chinelo em casa, por exemplo
Para pés que transpiram demais, o melhor é usar meias de algodão, que absorvem o suor
O uso de sabonetes bactericidas nos pés ajuda a eliminar as colônias de bactérias mais recentes, sem eliminar a biota saudável da pele
Secar bem os pés após o banho, inclusive entre os dedos. “Para alguns pacientes, falamos para secar o pé usando o secador de cabelo no modo ar frio para garantir que fique seco”, indica Luciana.
Antes de calçar os sapatos, usar um antitranspirante em spray nos pés, que formam um “tampão” no ducto da glândula e evita o suor
Dicas para diminuir o cecê
O uso de sabonetes bactericidas nas axilas ajuda a eliminar as colônias de bactérias mais recentes, sem eliminar a biota saudável da pele
Se o paciente tem bromidrose, a presença de pelos nas axilas pode dificultar a higiene durante o banho e a aplicação de desodorantes e antitranspirantes. Recomenda-se manter o pelo o mais curto possível ou depilar
Manter a área seca e limpa e aplicar desodorante e antitranspirante
Prefira usar tecidos de fibras naturais, que absorvam o suor e permitam que a pele respire. Tecidos sintéticos abafam a região e facilitam a proliferação de bactérias
Soluções drásticas
Tanto na bromidrose axilar quanto na plantar, se os produtos de higiene não funcionarem, há duas opções. A temporária é a aplicação da toxina botulínica (o botox) nos canais das glândulas, que interrompe o fluxo do suor. A solução dura de seis a oito meses.
Em casos mais graves, é possível para remover as glândulas que produzem o suor, a mesma cirurgia feita para quem tem hiperidrose (suor excessivo). “Hiperidrose e bromidrose não são situações associadas, mas se ocorrem juntas, a hiperidrose pode piorar o quadro de bromidrose por produzir mais suor para o ambiente com as bactérias”, explica Luciana. Se o paciente apresenta os dois, a recomendação é tratar a hiperidrose. “Porém pode aumentar o suor em outras partes do corpo”, explica Luciana.
Chulé e cecê na adolescência
A bromidrose pode começar com a puberdade, quando os hormônios e a atividade de glândulas se torna mais intensa e o adolescente começa a ter pelos. “É um período em que aumenta a secreção e a produção de sebo se modifica.
Essas secreções e sebo atraem bactérias que as consomem e o subproduto desse processo tem odor desagradável”, explica Tatiana. A tendência é que o volume de produção de secreções e sebo diminua na vida adulta, mas não cesse. “Quando essa produção diminui, as bactérias somem porque o ambiente não é mais interessante para elas”, afirma Tatiana.
São dois os tipos de glândulas presentes no corpo humano. As écrinas produzem um suor composto de sal e água e estão em atividade por todo o corpo em todas as fases da vida.
As outras são as apócrinas, que se concentram em áreas como axila e virilha e entram em atividade a partir da puberdade. As apócrinas estão ligadas aos folículos pilosos (que produzem os pelos) e produzem um suor com ácidos graxos e proteínas, que são metabolizados pelas bactérias. É este o tipo de suor que pode causar mau cheiro.
Mudar de desodorante pode “criar” o cheiro de cecê?
Mudar o desodorante não faz “surgir” o mau cheiro. As bactérias presentes nas axilas estão acostumadas com as características do ambiente. Quando se muda o desodorante, muda-se também o ambiente em que as bactérias estão e como vão se proliferar ou diminuir. “O desodorante muda o ambiente axilar e a flora da axila. Não há como dizer se ao mudar o desodorante é necessário um tempo de adaptação, porque é muito particular. Tem que testar mesmo”, explica Luciana.
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