Quem já assistiu a série ou os filmes Star Trek lembra do tricorder, espécie de scanner utilizado pelo médico da equipe da nave Enterprise, Leonard McCoy, para detectar doenças graves. Agora a ficção científica inspira a realidade. A empresa curitibana Hi Technologies lançou ao mercado nesta quinta-feira (29), em São Paulo, um dispositivo portátil que cabe na palma da mão e é capaz de entregar laudos de exames laboratoriais em 15 minutos, utilizando apenas uma gota de sangue retirada da ponta do dedo do paciente.
Batizado de Hilab, a ferramenta de telemedicina foi desenvolvida em parceria com a Intel e a Microsoft e associa internet das coisas e inteligência artificial para acelerar diagnósticos médicos. O dispositivo já foi autorizado pela Anvisa e segue todas os padrões da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas.
O Hilab tem capacidade para realizar até 100 tipos diferentes de exames, mas a empresa lançou o serviço com foco em 20 análises mais populares. Entre elas do Zika vírus, dengue, HIV, gravidez, hepatites, DSTs, painel lipídico, hemoglobina glicada, entre outros.
O dispositivo também pode fazer algumas análises a partir da coleta de urina, fezes e saliva, mas por enquanto a empresa vai operar o serviço somente com a coleta de sangue.
Custo menor
Além da praticidade e agilidade no resultado, o Hilab também promete valores menores em comparação aos exames feitos nos laboratórios tradicionais. O exame que identifica o Zika vírus, por exemplo, que pode chegar a custar no mercado até R$ 700 em épocas sazonais, é cobrado R$ 85.
A novidade começará a ser utilizada em prontos-socorros e Unidades de Terapia Intensivas (UTIs) de hospitais de Curitiba entre os meses de julho e agosto deste ano. Por enquanto, a ferramenta foi testada em instituições e farmácias parceiras, incluindo algumas na capital paranaense.
“Nossa ideia não é substituir os laboratórios, mas aumentar o acesso aos exames mais comuns solicitados pelos médicos”, afirma Marcus Figueredo, CEO da Hi Technologies.
Como funciona?
O funcionamento da ferramenta é relativamente simples: após a coleta do sangue, o líquido é colocado em contato com reagentes dentro do dispositivo, onde as informações da amostra são “digitalizadas” e transmitidas instantaneamente via internet para a equipe de biomédicos da Hi Technologies.
Após esse processo, os profissionais analisam os resultados e liberam o laudo validado, obedecendo padrões de qualidade, confiabilidade e precisão equivalentes aos métodos já disponíveis no mercado. O resultado é encaminhado como PDF para o médico e o paciente.
A contribuição da Microsoft ao projeto se dá por meio da plataforma de nuvem Azure, pelos dispositivos com Windows 10 IoT (Internet das Coisas) e também pela disponibilização de algoritmos de machine learning (aprendizado de máquina) para a análise laboratorial com base em diversos parâmetros pré-estabelecidos pela equipe da empresa.
A Hi Technologies foi fundada em 2004 pelos então estudantes de Engenharia da Computação da PUCPR Marcus Figueredo e Sérgio Rogal. O foco da companhia é desenvolver soluções tecnológicas humanizadas para a área da saúde. Em 2016, a Positivo Tecnologia adquiriu 50% da companhia.
*A jornalista viajou para o lançamento a convite da Hi Technologies