Passado os três primeiros meses de gestação, quando a mulher ainda se adapta às mudanças hormonais e sente mais cansaço, sonolência e até constipação intestinal, o quarto mês surpreende com o crescimento do desejo sexual.
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O aumento do hormônio do crescimento (GH) estimula a renovação das células, o que faz com que a pele fique mais bonita e saudável. Além de deixar a mulher mais bem disposta, o hormônio também atua na vascularização da região da vagina, favorecendo a sensação de prazer no ato sexual.
“Pela ação hormonal, a vagina da gestante tende a ficar mais úmida, o que ajuda a penetração, sem causar dor ou desconforto“, explica Luiz Felipe Dziedricki, médico ginecologista, vice-diretor clínico do Hospital e Maternidade Santa Brígida e Coordenador do Pronto Atendimento.
Associado a esse fator fisiológico, há também motivos psicológicos que favorecem a libido da mulher. A mudança no corpo com o aumento das mamas e da região abdominal podem gerar sensações negativas, mas também muito positivas, de empoderamento do próprio corpo e a gestação de uma nova vida.
“Há dois extremos. Há aquelas pacientes que sentem que estão ganhando muito peso, estão perdendo o corpo que tinham e se sentem ‘deformadas‘ e há as pacientes que entendem a mudança do corpo para gerar uma vida, um laço de união com o parceiro. A sensação do prazer na gestação está diretamente ligada ao modo como as mulheres percebem essas mudanças“, afirma Dziedricki.
Uma das principais dúvidas das mulheres sobre ter ou não relações sexuais durante a gestação é o medo de que o ato, de alguma forma, afete o bebê. Isso não acontece, de acordo com os especialistas, seja no início, meio ou fim da gravidez. O bebê está sempre protegido por músculos, membranas e pelo líquido amniótico.
“Existem trabalhos que, quanto mais relações sexuais a paciente tiver durante a gestação, ela libera mais endorfina, o que faz com que se sinta mais relaxada e isso é positivo tanto para ela quanto para o bebê que ainda não nasceu”, explica Antônio Paulo Mallmann, médico ginecologista, professor de ginecologia e obstetrícia da PUCPR e diretor do hospital Santa Brígida.
Quando não é indicada a relação sexual?
São raros os casos em que o sexo é contraindicado durante a gestação, mas às mulheres com alguns fatores de risco, o ato pode ser adiado. É o caso das pacientes com risco de prematuridade ou ameaça de abortamento, com sangramento vaginal ou que tiveram um grau de descolamento da placenta.
“Não que essa restrição dure toda a gravidez, mas a paciente com risco de abortamento é importante que evite, porque pode aumentar o risco de perder o bebê. Da mesma forma, pacientes que tiveram uma abertura de colo uterino prematuramente, pacientes pré dispostos a dilatar o colo do útero, mulheres com a placenta baixa no colo do útero são outros fatores de risco”, explica André de Paula Branco, médico ginecologista e obstetra da Paraná Clínicas.
Com o nascimento do bebê, é natural que o corpo da mulher reduza o desejo sexual. O momento é voltado a amamentação e a recuperação do ciclo menstrual, para que o organismo volte a realidade pré-gestação. Esse período dura, em média, 40 dias – a conhecida quarentena ou resguardo.
“Os hormônios reagem a essa volta do estado gravídico para um estado não gravídico diminuindo a libido. O próprio ciclo menstrual não se refez ainda, e existem dois fatores importantes que influenciam: a amamentação, em que algumas mulheres não tem a volta da menstruação ainda, e a questão psicológica, em que a mulher está totalmente voltada ao papel materno“, explica Branco.
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