Saúde e Bem-Estar

Stephanie D’Ornelas, especial para a Gazeta do Povo

Gripe ou resfriado: saiba identificar a infecção para apressar o tratamento

Stephanie D’Ornelas, especial para a Gazeta do Povo
07/04/2019 08:00
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Os sintomas da gripe e resfriado são similares, mas o tratamento é diferente. Foto: Bigstock.

Muita gente confunde essas duas infecções virais. E não é por menos, já que ambas possuem sintomas similares. Porém, enquanto os resfriados comuns podem ser tratados em casa com repouso, hidratação e remédios sintomáticos, a gripe, causada pelos vírus influenza, é uma condição grave que exige acompanhamento médico.

“Os sintomas associados ao resfriado, virose respiratória extremamente comum no frio, são dor no corpo leve, dor de garganta, coriza, tosse e febre baixa, que geralmente cedem em no máximo uma semana. A gripe causa sintomas parecidos com os do resfriado, porém muito mais intensos, como febre alta e até mesmo complicações respiratórias”, aponta Tuleski.

A gripe é caracterizada pelo intenso comprometimento do estado geral, como explica Barros, provocando muito mal-estar, dores musculares, cefaleia e falta de ar. “A gripe pode complicar com o desenvolvimento de pneumonia e apresenta um risco real de mortalidade. Ela ocorre em dois grandes períodos, que são no início e no final do inverno, na maioria das vezes. Habitualmente, há uma epidemia grave de gripe a cada 5 anos devido as mutações acumuladas virais”, conta
Surto de gripe de 2009 é uma das provas que nova onda da doença é possível, dizem especialistas. Foto: Bigstock.
Surto de gripe de 2009 é uma das provas que nova onda da doença é possível, dizem especialistas. Foto: Bigstock.

Doenças de outono

As mudanças bruscas de temperatura, o tempo mais seco e a inversão térmica, que gera uma camada de ar na atmosfera que dificulta a dispersão da poluição ambiental, são características típicas da estação e que tornam a população mais suscetível a algumas condições, também conhecidas como “doenças de outono”.
Entre as mais comuns estão as infecções respiratórias, como resfriado, sinusite e faringite, além do agravamento dos sintomas em portadores de doenças crônicas como rinite, asma e bronquites. Por esse motivo, alguns cuidados devem ser redobrados nesta época. Crianças e idosos, que têm a imunidade em formação e mais frágil, respectivamente, estão ainda mais propensos ao desenvolvimento dessas infecções e reações alérgicas.

“Nesta época do ano há proliferação e disseminação acentuada dos vírus que acometem o trato respiratório, particularmente os vírus influenza, que causam a gripe.

Existem também os vírus de resfriados e o vírus sincicial respiratória, que pode causar bronquiolite em crianças”, diz João Adriano de Barros, médico pneumologista e professor adjunto do Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
“Devido ao frio, habitualmente ficamos mais aglomerados, e estes agentes infecciosos se disseminam com mais facilidade entre as pessoas por meio da tosse. Isso é muito comum nas escolas com todas as janelas fechadas, cinemas e restaurantes, além de igrejas e até prontos-socorros”, explica.

Vacinação

Outro importante fator de proteção contra as doenças típicas de outono é a vacinação, em especial a contra a gripe. Doenças respiratórias relacionadas à condição matam mais de 650 mil pessoas todos os anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Embora a imunização seja disponibilizada de maneira gratuita pelo governo brasileiro apenas para os públicos mais suscetíveis a doença, a Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) recomenda a proteção para todas as pessoas a partir dos 6 meses de vida.
De acordo com dados divulgados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), neste ano a vacina influenza trivalente que será ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para grupos específicos protegerá contra os vírus H1N1, o H3N2 e o influenza do tipo B Victoria. A campanha de vacinação será realizada entre 10 de abril e 31 de maio, e a primeira fase, que vai até 22 de abril, será focada em crianças, gestantes e puérperas (mulheres que tiveram filhos recentemente).
Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo.
Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo.
Após essa data, os demais grupos de risco podem se vacinar: maiores de 60 anos; profissionais da saúde; pessoas de qualquer idade com doenças crônicas (diabetes, doenças cardíacas e respiratórias, distúrbios que comprometem a imunidade, como o câncer); população indígena; pessoas privadas de liberdade; professores da rede pública e privada e trabalhadores do sistema prisional.
Outras doenças que surgem com frequência no outono também contam com vacinas específicas. “Recomenda-se a vacinação contra o pneumococo, bactéria que provoca pneumonia e outras infecções respiratórias”, indica o pneumologista Marcelo José Tuleski. Algumas pessoas, de acordo com Barros, recebem ainda a indicação de vacina contra a pneumonia. “Cada doença tem um tratamento indicado. Procure o seu médico para receber a orientação adequada, como medidas preventivas e de controle ambiental para os alérgicos. Cada paciente e cada doença receberá o seu tratamento direcionado e específico”, indica o professor da UFPR.

Confira as principais dicas para proteger a saúde no outono

● Lave as roupas de inverno guardadas há muito tempo, assim como os cobertores, para eliminar os ácaros. Estes podem agravar doenças alérgicas, como asma e rinite.
● Alimente-se bem, mantenha a hidratação e tenha uma boa rotina de sono. Evite excessos de qualquer natureza, álcool e tabagismo.
● Ande bem agasalhado, variando a roupa conforme a temperatura.
● Doenças crônicas devem ser tratadas e controladas com auxílio médico. Neste grupo se destacam as alergias, a rinite alérgica, a asma brônquica e as doenças crônicas do cigarro, como a bronquite crônica tabágica e o enfisema pulmonar.
● Mantenha as janelas abertas para a ventilação adequada.
● Use aquecedores e ar-condicionado de maneira criteriosa. “Isto pode ressecar muito o ambiente, o que prejudicará a imunidade, facilitando infecções e irritação da via aérea”, alerta Barros.
● Realize a higienização rotineira das mãos.
Só a "passadinha" de água com sabão não é eficaz para matar bactérias. Foto: Bigstock.
Só a "passadinha" de água com sabão não é eficaz para matar bactérias. Foto: Bigstock.
● Evite tossir em público ou vede a via aérea com a mão ou o braço, higienizando o local logo em seguida.
● Caso fique doente, realize o tratamento o mais rápido possível. “Não se exponha, pois assim você evita a disseminação e estará ajudando os outros a não contraírem essas infecções virais”, diz Barros.
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