Saúde e Bem-Estar

Secretaria de Saúde do Paraná interdita distribuição de hormônio do crescimento

Amanda Milléo
21/06/2017 12:08
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Hormônio de crescimento é usado quando a criança tem deficiência na produção do hormônio (Foto: Bigstock)

Todos os lotes do hormônio de crescimento Biomatrop (Somatropina), produzido pelo laboratório Aché-Biosintética, foram interditados cautelarmente nesta terça-feira (20), pela Secretaria de Saúde do Paraná. Distribuído pelo programa estadual Farmácia do Paraná e disponível nas farmácias tradicionais, o hormônio faz parte do tratamento de crescimento em crianças com deficiência hormonal.
A interdição foi feita depois de cerca de 30 pessoas apresentarem reações adversas de processos alérgicos após a aplicação do medicamento.  De acordo com informações da secretaria, pacientes em tratamento com o hormônio devem interromper o uso.
“Estamos tomando essa medida preventiva para evitar que mais pessoas apresentem reações alérgicas pelo uso do hormônio de crescimento”, disse o secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto, em comunicado pela página da secretaria.
Mais de duas mil pessoas recebem esse medicamento pelas farmácias do governo estadual e, segundo a secretaria, o produto será substituído em no máximo 10 dias. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o laboratório responsável pelo hormônio foram notificados pela secretaria, segundo a própria.
Os pacientes que fazem uso do hormônio Somatropina 12 UI não precisam interromper o tratamento, visto que o efeito adverso foi constatado apenas no medicamento Biomatrop 4UI, usado por 2.256 pessoas.

Tratamento para crescer

O uso do hormônio do crescimento (GH) na forma sintética, para ajudar crianças a adquirem mais centímetros de altura, deve ser usado apenas quando o paciente tiver uma deficiência na produção hormonal. Crianças com mutações nos locais onde se produzem ou recebem o hormônio de crescimento, que tiveram problemas durante o parto, casos genéticos ou, mesmo que raros, problemas neurológicos fazem uso dessa medicação.
O tratamento é feito com a aplicação, todas as noites antes de dormir, de uma pequena dose do hormônio com uma agulha que se assemelha àquela usada no tratamento de diabetes. De acordo com informações de Mauro Scharf, médico pediatra e endocrinologista do hospital Nossa Senhora das Graças, as crianças começam a aplicação geralmente a partir dos quatro anos de idade e seguem por três ou quatro anos, em média, podendo chegar até a oito ou nove anos de tratamento, até o fechamento do crescimento.
Meninas que tiveram a primeira menstruação, ou menarca, e já têm idade óssea acima dos 12 anos, o tratamento com hormônio do crescimento não traz tantos benefícios. O mesmo vale aos meninos com idade óssea acima de 12 anos e seis meses.
“Se a criança tiver uma deficiência do hormônio do crescimento, aos quatro anos se percebe e mesmo que seja uma deficiência mais leve, que só aparece mais tarde, é possível fazer o tratamento. É importante, portanto, que o pediatra acompanhe a curva de crescimento e se cair, verifique o problema”, explica o médico.
Como saber se há problemas de crescimento?
Além do acompanhamento com o médico pediatra, as crianças com suspeita de deficiência do hormônio do crescimento passam por dois exames. O primeiro é de provas hormonais, em que é feita a dosagem seriada do hormônio de crescimento nas crianças durante duas horas. “Nesse exame se vê se a criança tem uma quantidade de hormônios adequada ou não”, explica Scharf.
Outro exame comum é de idade óssea, feita a partir da radiografia de mão e punhos da criança. “Não é um exame de diagnóstico, mas é uma ferramenta auxiliar para prever a estatura da criança”, diz o médico.
Tratamento alternativo em estudos
Há pesquisas clínicas que estudam a aplicação dos hormônios semanalmente, e não diariamente, de forma a facilitar o tratamento. “Mas ainda não estão disponíveis para nenhum país, estão em estudos ainda, na fase de testes”, diz Scharf.
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