Saúde

Infartos no inverno: entenda por que eles aumentam e como manter o coração saudável

Patrícia Sankari
30/07/2024 11:15
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Sintomas como cansaço, mal-estar com sudorese excessiva, desmaios, palpitações e vômitos podem ser indicativo de problema cardíaco. | Freepik

Você sabia que oscilações de temperatura afetam, direta ou indiretamente, nossa saúde cardíaca? A incidência de infartos no inverno, por exemplo, aumenta em cerca de 30%, conforme dados do Instituto Nacional de Cardiologia.
De acordo com especialistas, as baixas temperaturas forçam o organismo a acelerar o metabolismo para tentar manter a temperatura corporal. Esse processo libera uma maior quantidade de hormônios que provocam contração das artérias (vasoconstrição) e aceleração do coração, elevando também a pressão arterial. O resultado é um aumento significativo do esforço cardíaco.
“Essa situação é ainda mais preocupante para aqueles que têm placas de gordura nas artérias, que podem se romper devido à contração arterial, provocando um infarto”, explica o cardiologista do Hospital São Vicente Anderson Henrique Peres da Costa.
Além disso, fatores comportamentais também podem contribuir para o aumento de infartos. Começando pela menor ingestão de líquidos, muito comum nesse período. Ela aumenta a viscosidade sanguínea e dificulta a circulação do sangue pelas artérias.
Cuidados com a alimentação e exercícios físicos são aliados na hora de manter uma boa saúde cardíaca.
Cuidados com a alimentação e exercícios físicos são aliados na hora de manter uma boa saúde cardíaca.
O sedentarismo típico do inverno e a dieta mais calórica, rica em gorduras saturadas, também agravam a situação. “Com a combinação de pouca atividade física e o consumo de alimentos mais calóricos, há um aumento nos níveis de colesterol e gordura corporal, exacerbando os riscos cardíacos. Esses dois juntos, contribuem para o aumento da frequência cardíaca e para a diminuição da eficiência na troca gasosa de oxigênio e dióxido de carbono nos pulmões, essencial para um bom funcionamento cardíaco”, diz Anderson.
O inverno também leva as pessoas a se aglomerarem mais em ambientes fechados, facilitando a disseminação de vírus e bactérias e, consequentemente, aumentando a incidência de doenças respiratórias. “Essas doenças podem causar inflamação no organismo, o que pode desestabilizar placas de gordura já existentes nas artérias, levando a ataques cardíacos e derrames”, afirma a cardiologista do Hospital Vila Nova Star Fernanda Trovão.

Grupos mais vulneráveis e sintomas

Os indivíduos mais suscetíveis a infartos no inverno são os obesos, diabéticos e hipertensos, pessoas com doença renal crônica, pacientes com histórico de doenças vasculares e cardíacas, fumantes e aqueles com doenças respiratórias crônicas como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e asma. “Esses grupos já apresentam uma oxigenação comprometida, que se agrava com a vasoconstrição e com a maior demanda cardíaca”, destaca Anderson.
Pacientes idosos também estão em maior risco devido à diminuição natural da capacidade respiratória e à maior probabilidade de outras comorbidades.
Fernanda alerta para a importância de prestar atenção aos sintomas de problemas cardíacos, que podem incluir dor no peito irradiando para mandíbula, braços ou estômago, cansaço, mal-estar com sudorese excessiva, desmaios, palpitações e vômitos.
Esses sintomas, especialmente se surgirem após esforço físico, situação de estresse ou alimentação excessiva, devem servir como um sinal de alerta para procurar atendimento médico imediato.
“Em regiões mais frias, como no norte dos Estados Unidos, Canadá e até mesmo em Curitiba, quando há quedas bruscas de temperatura, observamos um aumento na intensidade e na frequência desses sintomas”, relata o médico. Sintomas atípicos, como dores abdominais, hipotensão e palidez também podem surgir, especialmente em diabéticos e mulheres.

Prevenção

Para minimizar os riscos, é crucial manter um estilo de vida saudável, mesmo durante o inverno. “A prática regular de atividade física, a ingestão adequada de água e uma dieta balanceada, pobre em gorduras saturadas, são medidas preventivas essenciais”, recomenda Anderson.
Os check-ups anuais ajudam a monitorar a saúde do coração.
Os check-ups anuais ajudam a monitorar a saúde do coração.
Ele ainda ressalta a importância de evitar o consumo excessivo de álcool e de manter-se bem agasalhado para evitar a exposição ao frio extremo. “A disciplina nos cuidados com a saúde é fundamental, especialmente durante o inverno, para reduzir os riscos de infarto e outras complicações cardíacas”.
Além disso, segundo Fernanda, o monitoramento da saúde cardíaca é essencial, especialmente para aqueles com fatores de risco. “Recomendo que indivíduos a partir dos 30 anos, com histórico de fatores de risco, realizem check-ups frequentes para prevenir complicações”, diz.