Os pontos negativos e positivos das três principais dietas da moda
Marina Pilato, especial para a Gazeta do Povo
24/09/2018 07:00
Efeito sanfona e falta de nutrientes são algumas consequências de dietas muito restritivas. Foto: Bigstock.
Com o objetivo de perder quilos, ao conversar com um nutricionista, as alternativas de dietas são tão diversas quanto as opções em um cardápio de restaurante. Porém, cabe à análise pelo profissional do perfil do paciente a escolha daquela que pode funcionar melhor. Em geral, busca-se menos sofrimento. Mas como escolher a dieta sem colocar a saúde em risco?
O essencial para que o emagrecimento aconteça, independentemente do método escolhido, é o déficit calórico. Ou seja: que as calorias ingeridas sejam em menor quantidade que a gasta pelo corpo, diz o nutricionista e professor da Universidade Positivo Bernardo Bernardi. Ou, ainda, que seja gasta mais energia do que o corpo necessita.
Com base em informações como a idade, o sexo e os hábitos do paciente, é possível traçar um plano de acordo com os objetivos, mas sempre sendo realista e medindo o que melhor se encaixa para cada indivíduo.
“Não adianta querer um modelo perfeito de plano se a pessoa não está propensa a se adaptar àquilo. O nutricionista tem que medir se aquela dieta vai causar algum prejuízo para o perfil da pessoa e optar por uma que ela tenha mais facilidade em seguir, que a aderência possa ser maior”, explica Bernardi.
Além disso, é importante ter disciplina para seguir o que foi planejado, sempre lembrando que as dietas restritivas, as que cortam alimentos específicos ou grupos de alimentos, são mais difíceis de serem mantidas ao longo do tempo.
Comer sem prazer
Ter objetivos muito radicais também traz alguns efeitos indesejáveis. Sophie Deram, nutricionista e autora do livro “O Peso das Dietas”, critica a visão comum entre frequentadores de academias de reduzir a comida a meras substâncias, transformando as refeições, que fazem parte de um ritual cultural e prazeroso, a uma mera ferramenta para chegar a objetivos muito restritivos, como o emagrecimento forçado.
“Comer normal de maneira ideal é comer de tudo”, defende.
A alimentação está ligada à satisfação interna, ao estado emocional. Fazer as pazes com a comida é se dar ao direito de comer o que se tem vontade respeitando qualidade e comportamento, seja com um pedaço de pizza, um brigadeiro ou uma salada. “Quanto mais brigamos com nosso corpo por causa de comida, mais ele adoece”, finaliza Deram.
Fechar a boca?
As ressalvas são em relação ao famoso “fechar a boca”. “É um problema bastante grave pois a pessoa não cria novos hábitos saudáveis, ela apenas come muito pouco por algum tempo”, esclarece o nutricionista e professor da Universidade Positivo Bernardo Bernardi.
O efeito sanfona após períodos com dietas como essa, em geral feitas sem acompanhamento, é quase garantido. “Ao ‘fechar a boca’, o indivíduo perde peso não só de gordura, mas também de massa magra. Se voltar aos antigos hábitos, corre grande risco de ganhar todo o peso novamente apenas em gordura”, completa.
Ele também aponta prejuízos das dietas muito restritivas, como a decorrente falta de algumas vitaminas e minerais importantes para o organismo – incluindo as fibras, que podem causar problemas no funcionamento do intestino – e o fator de isolamento social ao qual a pessoa fica suscetível, pois faz parte dos hábitos alimentares compartilhar as refeições.
Como um todo, ele recomenda o consumo de produtos naturais, evitando os industrializados, a prática de exercícios físicos (apesar de não ser essencial para a perda de peso), e principalmente, o acompanhamento com profissionais da medicina e nutrição para a opção correta de dieta que se adeque à aderência de cada indivíduo.
Na moda
O nutricionista Bernardo Bernardi lista as três principais dietas na moda do momento, seus pontos altos e seus prejuízos:
Dieta Low Carb
A alimentação de baixo carboidrato reduz bastante o consumo desse grupo de alimentos (arroz branco, pão e macarrão tradicionais) cujas recomendações giram em torno de 45% a 65% do total de calorias ingeridas. Menos de 45% significa low carb. Como é muito restritiva, há chances grandes de, ao voltar a antigos hábitos, sofrer efeito rebote no peso. Também aumenta o gasto com a alimentação, feita com fontes de proteína mais magras.
Jejum intermitente
Consiste em reduzir a janela de alimentação. Por exemplo, comer normalmente em um dia e não ingerir nada no seguinte, ou jejuar por 16 horas e em 8 horas fazer todas as refeições. Esse é o método utilizado pela psicóloga Renata Ferreira, que não ingere alimentos da meia noite ao meio dia, mas durante todo o intervalo seguinte come cereais e frutas, bebe muita água e faz uma única refeição mais substancial. “Consegui emagrecer o que gostaria com esse hábito e acabei me acostumando tão bem que passei a levar como um estilo de vida”, explica ela.
Dieta Paleolítica
Idealmente, é composta pelos alimentos consumidos pelos ancestrais humanos, na época pré-agricultura. Por isso, o consumo de cereais e de carboidratos é menor, porém não restrito. De acordo com Bernardi, tem como pontos positivos o consumo de alimentos naturais, pois não inclui processados ou industrializados, e também carne mais magra, pois à época se consumia carne de caça, em vez das carnes mais gordas de animais criados em confinamento.