Saúde e Bem-Estar

Maioria dos pais desconhece ideias suicidas de filhos

Da redação
16/01/2019 17:00
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De acordo com a lei sancionada nesta segunda-feira (29) pelo presidente Jair Bolsonaro, a comunicação deverá ser feita em sigilo. Foto: Bigstock

Saber o que se passa na cabeça dos filhos é um dos desejos dos pais, que comumente se preocupam demais com a saúde mental na adolescência, uma fase considerada turbulenta.
Porém, um estudo que será publicado na edição de fevereiro da Pediatrics revela que metade dos pais entrevistados não sabe que seus filhos entre 11 e 17 anos de idade tiveram pensamentos de morte. E ainda mais grave: mais de 75% não sabiam que seus filhos adolescentes tinham pensamentos contínuos sobre a morte.

“Quando a pessoa fala que está cansada de viver ou quando ela se automutila como forma de chamar atenção, isso não pode ser subestimado. Se a pessoa tem que chamar atenção desta forma é porque algo pode estar errado.”

Ellen Martins Salvador, psicóloga clínica.

No estudo, intitulado “Parent-Adolescent Agreement About Adolescents’ Suicidal Thoughts”, foram entrevistados 5.317 adolescentes em uma rede comunitária de saúde pediátrica na Filadélfia, nos Estados Unidos, que foram questionados sobre ideias suicidas ao longo de suas vidas a partir de perguntas como: “Você já pensou em se matar?” e “Você já pensou sobre a morte ou sobre morrer?” Essas informações foram cruzadas com as dos seus pais.
Um alerta: apesar de pensamentos contínuos sobre a morte ou sobre a ideia de morrer não serem consideradas necessariamente ideações suicidas, são ainda assim consideradas ligadas a um grande sofrimento e fazem parte dos sintomas de graves transtornos depressivos.

Enfrentamento

Os autores do estudo sugerem que, como o risco de suicídio em muitos adolescentes pode passar despercebido, o pediatra deve adotar uma estratégia de buscar múltiplos informantes para poder fazer avaliações mais efetivas que detectem potenciais suicídios.

Prevenção

A psicóloga clínica Ellen Martins Salvador, que trabalha com prevenção a suicídios, diz que a família e os amigos devem ficar atentos a alguns sinais que podem indicar necessidade de ajuda. “Quando a pessoa fala que está cansada de viver ou quando ela se automutila como forma de chamar atenção, isso não pode ser subestimado. Se a pessoa tem que chamar atenção desta forma é porque algo pode estar errado”, diz ela, que assinala como outro sinal importante quando a pessoa deixa de fazer, por falta de vontade, algo que gostava muito.
Além desses comportamentos, a médica psiquiatra Raquel Tatiane Heep fala que sinais físicos também podem apontar distúrbios mentais como a depressão, por exemplo. “Muitas doenças mentais chegam por queixas clinicas, insônia, excesso de sono, alteração de alimentação (para mais e para menos), alteração da libido, redução da proteção imunológica e mesmo a diminuição da crítica em relação às situações cotidianas”. Segundo a psiquiatra, o suicídio tem um fator familiar bem importante e quem teve caso de suicídio na família deve ficar atento.
Janeiro Branco
Para tratar o tema da saúde mental o Viver Bem promoveu nesta terça-feira um debate sobre a campanha Janeiro Branco, que coloca em relevo o tema, na redação da Gazeta do Povo. Participaram Ellen Martins Salvador, psicóloga clínica que trabalha com prevenção a suicídios e Raquel Tatiane Heep, médica psiquiatra.

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