Menor massa muscular faz mulher sofrer mais com mãos e pés gelados
Cecília Aimée Brandão, especial para a Gazeta do Povo
02/08/2019 19:00
Durante o sono é importante usar cobertas adequadas, pois temos maior sensação de frio por ficarmos parados. Foto: Bigstock.
Quem nunca sofreu com as mãos e os pés gelados que atire o primeiro par de meias. Esse incômodo é muito comum e com a chegada dos dias mais frios fica ainda mais evidente.
A pele é o maior órgão do corpo humano e, além de fazer uma barreira protetiva, é responsável pela regulação da temperatura corpórea, “os capilares sanguíneos, estimulados pelo hipotálamo, uma espécie de centro de controle no cérebro, fazem esse papel”, explica o cirurgião vascular da Unimed Curitiba, Alexandre Bley.
Mas o que acontece no corpo para esfriar tanto as extremidades como pés, mãos e até mesmo a ponta do nariz?
“Quando existe um estímulo para se combater a queda da temperatura interna, os vasos sanguíneos se fecham (vasoconstrição) e a pele consequentemente esfria e fica mais pálida, na tentativa de se manter a temperatura interna adequada”, explica o cirurgião vascular.
O contrário também acontece – se a temperatura do corpo aumenta, os vasos se dilatam e permitem a fuga do calor, deixando a pele mais quente e vermelha. “O suor também tem papel na regulação da temperatura, pois sua evaporação esfria a pele”, completa.
As mãos e pés gelados são uma condição fisiológica normal, “pode ser uma característica da pessoa, reflexo da temperatura do ambiente ou da escolha da roupa. Mas esse mecanismo de equilíbrio também pode sofrer interferências comportamentais e de doenças”, alerta o médico.
O que pode alterar são questões hormonais, quantidade de massa muscular e gordura e o tamanho da superfície corporal, “o peso faz diferença e os obesos sentem menos frio do que as pessoas mais magras, pois a camada de gordura ajuda a reter o calor”, explica Paulo Poli, médico da família da Clinipam.
Cuidados no dia a dia
Durante o sono é importante usar cobertas adequadas, “temos maior sensação de frio por ficarmos parados. O movimento do dia ajuda o corpo a aquecer, mas durante a noite ficamos imóveis e precisamos de cobertas”, orienta o médico Paulo.
O mesmo raciocínio vale para idosos – sentem mais frio por conta da imobilidade. Já as crianças que não param de agitar vão no caminho inverso e podem sentir menos esse “gelado”.
Uma curiosidade é que mulheres tendem a sentir mais frio nas extremidades – “os homens costumam ter mais massa muscular e produzem mais calor, por isso não necessitam de tanta vasoconstrição para manter a temperatura”, conta Alexandre Bley.
Para auxiliar na termorregulação do corpo, o médico recomenda fazer atividades físicas, utilizar roupas adequadas ao ambiente (tanto frio, quanto calor) e ingerir líquidos.
Sinais de alerta
Caso perceba que a pele está mais gelada que o normal, é importante consultar um médico. “Algumas doenças estão associadas a estes sintomas, como perda de sangue, anemia mais severa e até mesmo uma doença chamada fenômeno de Raynaud, que deixa os vasos sanguíneos mais fechados nas extremidades. Essas pessoas sofrem muito no inverno e as mãos ficam com aspecto cianótico com a falta de oxigenação”, explica Paulo Poli.
Ainda, a arteriosclerose pode ser uma doença associada a estes sintomas, pois dificulta a passagem do sangue pelos vasos, podendo diminuir o fluxo na pele e, por consequência, sua temperatura. “Esta condição é mais comum em diabéticos, tabagistas, hipertensos e pessoas com alterações de colesterol, pois é uma doença muito ligada aos hábitos de vida”, alerta Alexandre Bley.
Com a chegada dos dias mais frios, a recomendação é agasalhar-se adequadamente. “Para os mais friorentos, uso de luvas e gorros é primordial. Uma dica para os pés é usar meias de algodão, que auxiliam na absorção da umidade, com uma meia de lã por cima para aquecer”, conclui Alexandre Bley.