Saúde e Bem-Estar

Viciados em omeprazol estão na mira dos médicos; efeitos colaterais preocupam

Amanda Milléo
14/07/2017 12:00
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Inibidores da bomba de prótons são comumente usados para tratar sintomas do refluxo gástrico ou mesmo para proteger o estômago de outros remédios (Foto: Bigstock)

Poucas pessoas precisam tomar inibidores da bomba de prótons, sendo o mais conhecido o omeprazol, por um tempo maior que quatro semanas. Mas não é incomum encontrar quem faça uso do medicamento há anos pela percepção de uma melhora rápida que ele traz. Embora muitos não percebam, os benefícios são logo substituídos pelos efeitos colaterais e retirar o remédio da rotina desses pacientes é uma luta difícil, que nem sempre se ganha.
Pesquisadores canadenses sugeriram, e publicaram em maio na revista científica Canadian Family Physician, novas diretrizes para os médicos que pretendem suspender os inibidores dos pacientes. A ideia é fazer com que a transição do vício seja mais tranquila, sem impactar na qualidade de vida das pessoas.
Uma das indicações, por exemplo, em pacientes jovens com sintomas do trato gastrointestinal alto, que tomaram o medicamento por quatro semanas e tiveram a resolução do problema: reduzir a dose diária ou mesmo interrompê-lo por completo. Se isso não for suficiente, substituir o inibidor por uma terapia com outros medicamentos, os antagonistas de receptor de histamina tipo 2.
“É uma orientação válida. Os antagonistas foram, na década de 1980, uma medicação de primeira escolha para doenças relacionadas à acidez gástrica. Mas mesmos estes têm efeitos colaterais, causadores de alterações nas enzimas hepáticas e, eventualmente, podendo levar a uma hepatite medicamentosa”, alerta Gustavo Justo Schulz, médico gastroenterologista do hospital VITA e do hospital das Clínicas HC/UFPR, e gerente médico do hospital VITA Batel.
Comparando os dois medicamentos, os efeitos colaterais dos inibidores da bomba de prótons são mais prejudiciais que os antagonistas, pois aumentam o risco de osteoporose, de infecções pela bactéria clostridium e de problemas renais. “O omeprazol diminui a acidez gástrica e alguns alimentos precisam dessa acidez para ser absorvidos, como o cálcio. Com a menor absorção, aumenta o risco da osteoporose”, explica Schulz.
Indicação descontrolada
Embora os inibidores possam ser comprados sem receita médica nas farmácias, a culpa do consumo desenfreado nem sempre é do paciente. “Há duas indicações médicas bastante questionáveis do uso dos inibidores. A primeira é da pessoa que toma outros remédios para doenças crônicas e inclui o omeprazol para proteger o estômago. Isso não é preciso. A segunda é o uso indiscriminado na doença do refluxo”, questiona Alcindo Pissaia Junior, médico gastroenterologista do hospital Nossa Senhora das Graças, professor na PUCPR e na Universidade Positivo (UP).
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