Fórmula promete facilitar a preparação do pratos das crianças: blocos de 3 x 3
Amanda Milléo
02/10/2019 13:00
Nova técnica facilita na hora de montar os pratos das crianças Foto: Bigstock
Planejar o que os filhos vão comer, e tentar deixar o prato o mais perto possível do “saudável”, não é uma tarefa simples. Mas uma fórmula conhecida dos nutricionistas pode ajudar. Pensar em blocos de três grupos alimentares para cada uma das três maiores refeições, ou o simples 3 x 3.
Ter representantes desses três grupos não significa que eles estejam em pé de igualdade no prato. Muito pelo contrário: a recomendação é que o prato seja dividido em 55% com alimentos carboidratos; 30% de proteínas e 15% de gorduras boas.
A regra se aplica às principais refeições, ou café da manhã, almoço e janta, mas também pode ser pensada para os lanches.
Mas e as verduras, frutas e hortaliças? Pois elas também estão presentes, mas no grupo dos carboidratos, que não envolvem apenas massas e cereais, como é comum de se achar. Assim, ao invés de colocar no prato 55% de macarrão, a orientação é que se divida essa quantidade significativa com a variedade dos alimentos carboidratos.
Funciona?
Tudo que é exposto de uma forma lúdica tende a ajudar, de acordo com a nutricionista infantil Michele Chibior.
“Funciona assim como a pirâmide alimentar, o método das cinco cores no prato, e agora esse método dos blocos. Eu acho que pode facilitar a vida dos pais, porque podemos chamar esses blocos de forma mais lúdica. Os carboidratos são os alimentos que nos dão energia, as proteínas são os que dão força e a gordura é o que nos lubrifica. De maneira lúdica é bacana, sim”, explica a especialista, que trabalha na clínica Wave Medicina Fetal.
Ainda assim, reforça Michele, é importante que os pais tenham em mente quais alimentos compõem cada um desses blocos. Sem essa informação, fica fácil cair sempre nos mesmos, sem oferecer uma variedade às crianças. A visão é compartilhada pela médica endocrinologista Maria Edna de Melo:
“Quando você coloca arroz, macarrão, fruta e legumes em um mesmo bloco de carboidratos pode ser confuso. Para a criança está ótimo comer macarrão todo dia. Mas é melhor pensar no próprio alimento”, explica a médica, que faz parte da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – regional de São Paulo (SBEM-SP) e atua no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Eu sei comer “certo”, será?
É bastante comum, segundo a médica endocrinologista, as pessoas acharem que sabem como é comer “certo”, e quais alimentos são “saudáveis” e quais não são. Na prática, porém, a situação é diferente.
“Todo mundo acha que faz tudo ‘certo’ e quando vou conversar, a pessoa acredita que macarrão instantâneo é igual ao comum. ‘Ah, mas eu não uso o pó instantâneo’, diz ela. Não interessa, o macarrão em si é diferente. Essa percepção é equivocada”, reforça Maria Edna.
A chegada ao mercado de produtos que se dizem “fitness” também atrapalhou essa visão. “Qualquer apelo associado à saúde na embalagem faz a pessoa achar que está consumindo super bem. Outro dia falei com uma paciente que tava comendo umas farinhas diferentes, de amêndoas, e não conseguia perder peso. Quando fomos ver, ela consumia mais de 700 calorias só no café da manhã, por incluir essas coisas ‘saudáveis'”, relata a endocrinologista.
Tem dúvidas? Procure uma nutricionista — inclusive quando formos pensar em refeições para crianças. “Um sinal de alerta desse método de pensar nas refeições [em blocos] é que eles trazem um percentual fechado, o que não serve a todo mundo. As refeições de uma criança precisam levar em conta o histórico familiar, a saúde dela, para poder determinar”, explica Michele Chibior, nutricionista infantil.
Erros na alimentação infantil
De acordo com a médica endocrinologista Maria Edna de Melo, é muito comum que os pais cometam os seguintes erros ao pensarem nas refeições das crianças:
Crianças comem o que tem em casa. Não espere que a criança vá pedir por algo diferente, que ela nunca tenha visto antes. Ela consome o que está na frente dela. Se o que estiver ao alcance forem refrigerantes, sucos, mesmo os naturais, bolachas, bolos, é isso que ela vai comer. Retire esses alimentos de casa, e permita que ela os consuma apenas fora de casa e de vez em quando.
Crianças imitam os pais. De nada adianta você exigir uma alimentação exemplar do seu filho se você consumir apenas industrializados sempre. Retire os ultraprocessados de casa para a sua saúde também!
Crianças comem menos. Lembre-se de mudar a percepção do que é o ?suficiente? para você e para seu filho. Crianças tendem a comer menos que os adultos.
“Se tiver um bolo de chocolate e uma maçã em casa, qual você escolhe? E por que a criança teria uma atitude diferente? As opções em casa devem ser únicas e devem ser sempre as melhores”, reforça a endocrinologista.