O primeiro sinal a chamar atenção em Isadora foi o crescimento de uma das mamas. Na sequência, a médica pediu um exame de imagem e constatou que a menina também apresentava vários folículos ovarianos, algo que costuma aparecer no começo do processo de amadurecimento sexual. Seguiram-se dosagens hormonais e uma ressonância magnética do cérebro. Depois de alguns meses, veio a constatação: Isadora era um caso raro de puberdade precoce.
Com o diagnóstico redesenhou-se também a compreensão sobre o recente comportamento irritadiço da menina. Não era birra de criança. Eram as mudanças de humor que costumam ser causadas pelo jorro de hormônios nos inícios da adolescência. O que talvez surpreenda é a idade dela à época: menos de dois anos. “A endocrinologista disse que ela poderia ter a primeira menstruação aos cinco anos. Ficamos muito assustados”, relata a mãe, a fisioterapeuta Betania Hansel.
Pouco mais de um século e meio atrás, as meninas tinham a sua primeira menstruação, conhecida como menarca, com uma média de 17 anos. A idade foi caindo com o passar do tempo e, hoje, está na faixa dos 12 anos. Quando ocorre a menstruação, isso quer dizer que a garota está na fase final da puberdade, um período de mudanças físicas, hormonais e emocionais que dura de um ano e quatro meses até dois anos e oito meses, em média.
Atualmente, os manuais médicos estabelecem como dentro da normalidade o começo da puberdade a partir dos oito anos nas meninas e dos nove anos nos meninos. Nelas, o marco inicial costuma ser o surgimento das mamas. Neles, o crescimento dos testículos.
“Não é necessariamente uma doença. Para considerar que é uma doença ou não, vai depender de uma série de fatores. O que se sabe é que tem diminuído a idade do surgimento da puberdade e também a idade da primeira menstruação nas últimas décadas”, observa a endocrinologista pediátrica Leila Pedroso de Paula, do Hospital de Clínicas.
Mamas e testículos
Muitas vezes o crescimento da mama antes dos oito anos ou dos testículos antes dos nove é apenas uma variação dentro da normalidade e não requer maiores cuidados. Em outros casos, entra na classificação de puberdade precoce – e requer atenção, primeiro porque pode ser causada por alguma condição séria de saúde, mas também porque pode trazer complicações no futuro. A mais notável é a baixa estatura.
Maior obesidade
A puberdade precoce também estaria associada a risco maior de obesidade, hipertensão, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral e certos tipos de câncer – o que é atribuído à exposição precoce ao hormônio estrógeno, segundo artigo publicado na revista médica The Lancet pelos brasileiros Ana Claudia Latronico, Vinicius Nahime Brito e pelo francês Jean-Claude Carel.
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