Como os achocolatados estão prejudicando a saúde das crianças; nutricionistas alertam
Rodrigo Batista, especial para a Gazeta do Povo
06/05/2018 08:00
Apesar de comum na alimentação das crianças, achocolatados devem ser uma exceção na dieta. Foto: Bigstock.
Os achocolatados que pais e mães servem para as crianças contêm, em sua maior parte, açúcar: em alguns casos, a quantidade pode chegar a 90% de uma porção de duas colheres de sopa. Basta verificar os rótulos de três das mais consumidas marcas do mercado para ter certeza de que, em sua maioria, os produtos possuem açúcar demais.
Para cada 20 gramas (duas colheres) de achocolatado, o Toddy possui 18g de açúcares, o Ovomaltive 12g e o Nescau 15g.
A Gazeta do Povo ouviu três nutricionistas que alertaram para os riscos desse excesso. A professora do curso de Nutrição da Universidade Positivo Viviane Valle de Souza aponta para a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), de que a ingestão do nutriente deve ser menor que 10% de todas as calorias diárias.
“Considerando uma ingestão calórica de 2000 calorias por dia, isso significa 200 calorias provenientes de açúcares ou 50 g (cinco colheres de sopa) no máximo. Essa recomendação é aplicável por toda a vida”, explica.
Ultraprocessados
Os achocolatados são classificados como alimentos ultraprocessados, aqueles cujo processo de produção e substâncias utilizadas muitas vezes têm como objetivo tornar seu gosto mais atraente e sua validade mais longa. Sua ingestão, contudo, não deve ser rotineira, conforme explica oGuia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde.
Apesar de a quantidade de açúcar não causar efeitos graves de imediato no organismo de uma criança, assim como qualquer alimento ultraprocessados, o consumo em excesso e de maneira muito frequente pode ser prejudicial. “Os principais efeitos negativos são a obesidade e suas consequências, como diabetes, hipertensão arterial sistêmica, doenças do sistema circulatório, entre outras”, diz o nutricionista Alexsandro Wosniaki, do Conselho Regional de Nutrição do Paraná (CRN-8).
A coordenadora do Curso de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Flávia Auler, acrescenta que essas doenças podem surgir porque o organismo humano está programado para produzir determinada quantidade de insulina, hormônio associado ao metabolismo da glicose. O abuso da quantidade de açúcar leva o organismo a consumir a insulina que seria usada durante toda a vida.
“Nós estamos colocando cada vez mais cedo uma quantidade grande de açúcares nas crianças. O que a gente tem que combater é o excesso”, afirma.
Menos açúcar
Os nutricionistas dão algumas dicas do que pode ser usado para substituir ou diminuir a quantidade de achocolatado na dieta das crianças: uma delas é usar o cacau em pó puro e adoçar pouco. Ou, ainda, acrescentar o cacau no achocolatado tradicional para que, aos poucos, a criança acostume o paladar e não rejeite a bebida.
Bater leite com frutas (banana, maçã e mamão, entre outras), sem adição de açúcar é outra receita para oferecer às crianças, além de sucos e chás naturais e leite integral puro.