Saúde e Bem-Estar

Quando é hora de tirar as amígdalas

Fernanda Brun, especial para a Gazeta do Povo
09/01/2019 17:00
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O que fazer quando as amígdalas causam problemas. (Foto: Bigstock)

As amígdalas – ou tonsilas palatinas – são estruturas linfoepiteliais de forma oval, e estão localizadas na orofaringe, parte da garganta logo após a boca. Por muito tempo, sua utilidade foi discutida, e já se acreditou que elas não tinham função no organismo.
“Hoje, sabemos que elas promovem proteção imunológica tanto do trato aéreo quanto digestivo, atuando na defesa contra infecções e no desenvolvimento do sistema imune”. A afirmação é de Carlos Henrique Ballin, otorrinolaringologista e cirurgião crânio maxilo facial.

Influência negativa na saúde

São inúmeros os problemas de saúde que podem ser de responsabilidade das amígdalas, de acordo com o profissional. Além das amigdalites, que podem ser virais ou bacterianas, outros casos estão relacionados às estruturas.
“O aumento do volume, ou hiperplasia, pode causar estreitamento da via aérea superior, causando distúrbios do sono, anormalidades do crescimento craniofacial, disfagia, alterações da fala, alterações na qualidade de vida e até mesmo complicações cardiopulmonares”, explica Ballin. Bolinhas brancas também podem ficar alojadas nas criptas amigdalianas, causando desconforto e mau odor.

Casos para remoção

Atualmente, a cirurgia de remoção das amígdalas tem sido menos frequente devido a uma série de fatores, desde um maior entendimento das doenças, até o desenvolvimento de novos medicamentos. “Nas crianças, ela pode ser indicada em associação com a cirurgia da adenóide, a qual deve ser avaliada previamente, geralmente através de radiografia ou de uma endoscopia nasal” afirma o profissional.
De acordo com o especialista, a principal indicação deve ser o aumento do volume ou infecções em repetição. Para o procedimento, não existe uma idade mínima ou máxima bem definida: desde que a criança apresente condições clínicas para uma cirurgia segura, ela pode ser realizada.

Como é feito o procedimento

Realizado com anestesia geral, o procedimento faz a remoção completa e é chamado amigdalectomia. A recuperação geralmente acontece em uma semana, e a principal queixa dos pacientes é o incômodo da dor, que pode ser amenizado com medicação específica. São passadas ainda orientações sobre a dieta alimentar, que deve retirar temporariamente alimentos sólidos e quentes.

“O aumento do volume, ou hiperplasia, pode causar estreitamento da via aérea superior, causando distúrbios do sono, anormalidades do crescimento craniofacial, disfagia, alterações da fala, alterações na qualidade de vida e até mesmo complicações cardiopulmonares.”

Carlos Henrique Ballin, otorrinolaringologista e cirurgião crânio maxilo facial.

Consequências da remoção

“Existem muitas contradições sobre as consequências do procedimento. Ainda há vários estudos controversos, existindo na literatura tanto autores que mostram alterações e recomendam tratamento conservador, quanto outros que tentam provar exatamente o contrário”, conta Ballin.
O profissional afirma ainda que, geralmente, os benefícios de uma cirurgia bem indicada superam qualquer possível efeito negativo – é importante lembrar que, além das amígdalas, temos outros órgãos responsáveis pela defesa do corpo. “Considerações clínicas e bom senso são a base para uma boa indicação cirúrgica”, finaliza o médico.
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