Saúde e Bem-Estar

Inverno e medicamentos fazem fios de cabelo caírem mais; saiba como evitar

Amanda Milléo
27/06/2019 15:00
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Queda nos fios indica mudança de estação do ano, e nem sempre é preocupante (Foto: Bigstock)

O aumento dos fios de cabelo na fronha do travesseiro ou no box do banheiro pode assustar, mas nem sempre é o caso de uma patologia ou algo mais sério. Às vezes é apenas efeito colateral de algum remédio, um trauma ou até mesmo a mudança na estação do ano.

Quando passamos do verão para as épocas mais frias, a mudança nas estações pode trazer também uma queda nos fios de cabelo. Parece estranho, mas o ritmo do corpo humano explica:

O cabelo tende a crescer por cerca de seis anos e, então, entra em uma fase de repouso, do qual os fios vão caindo. Mesmo entrando nessa fase de repouso, o fio pode ficar preso ao couro cabeludo por cerca de três meses. “Qualquer modificação que aconteça nesse período vai ter um efeito três meses depois”, explica Fabiane Brenner, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e médica da clínica Cepelle, em Curitiba.
Como herdamos um mecanismo de proteção dos animais, a queda dos fios pode ser estimulada no verão, quando há maior incidência de raios solares e aumento na temperatura do ambiente. “Quando começa a esquentar, ocorre a entrada desses fios na fase de repouso, mas só vão cair três meses depois, às vezes depois do verão”, reforça a médica especialista.
A chegada de estações mais frias também parece trazer o mesmo efeito, conforme lembra Gisele Keiko Machado Shimizu, médica dermatologista da Paraná Clínicas. “A mesma coisa quando começa o outono, com um pouco mais de queda para estimular o crescimento de fios no inverno. E também tem a relação com o sono. Pesquisadores estudam a produção de melatonina [hormônio que ajuda na regulação do sono e do relógio biológico] e a influência na queda dos fios. No inverno dormimos mais, pois temos noites mais longas e dias mais curtos”, reforça a médica.
Shimizu lembra, porém, que essas questões não têm comprovação científica, embora apareçam com frequência nos consultórios dos dermatologistas. “São teorias para justificar a queda dos fios”, explica.
Gestação também pode afetar a queda dos fios de cabelo da mãe (Foto: VisualHunt)
Gestação também pode afetar a queda dos fios de cabelo da mãe (Foto: VisualHunt)

Acidentes prejudicam fios

Se o corpo passa por um acidente, especialmente aqueles que exigem um descanso maior da pessoa, a primeira coisa que o organismo deixa de se preocupar é com os cabelos e as unhas. Nos fios, esse trauma se traduz em queda dos fios, três meses depois, e é chamado de eflúvio telógeno.
Os traumas podem ser acidentes físicos, como um batida de carro que faz com que a pessoa fique internada no hospital, mas também estresse, problemas emocionais, doenças, gestação/pós-parto.
“Uma das causas mais comuns da queda é o eflúvio telógeno, gerada por um trauma emocional, alguma cirurgia, uma redução de peso muio grande. Tudo isso interfere no ciclo do cabelo”, explica Gisele Shimizu, médica dermatologista.
Das cirurgias, a bariátrica é uma condição bastante comum para a queda dos fios, por uma série de fatores:
  • Perda de peso considerável, em pouco tempo;

  • Redução na absorção dos nutrientes (dependendo do tipo de cirurgia que o paciente é submetido);

  • Perda de sangue durante o procedimento cirúrgico;

  • Estresse durante o pós-operatório.

  • Mudança metabólica do organismo.

“A queda depois da cirurgia é muito intensa, e muitas vezes os pacientes passam por um tratamento prévio na tentativa de minimizar”, reforça a médica.

Shampoos não funcionam contra a queda dos fios

Os tratamentos contra a queda dos fios variam conforme a causa, diagnosticada por médicos dermatologistas. Mas uma coisa é certa: os shampoos que prometem reduzir a queda dos fios tendem a não funcionar.

“Não tem muita evidência de resultado. Eles [shampoos contra a queda] são mais para melhorar a qualidade do fio, do que para reduzir a queda ou o crescimento dos fios. Além disso, outras alterações hormonais podem fazer a queda, bem como medicamentos e doenças”, explica Fabiane Brenner, médica dermatologista. 

Das doenças, a especialista explica que pode ser qualquer problema de saúde que exigiu mais do organismo. “Às vezes a pessoa nem percebe, mas quem tem cabelos mais longos pode perceber mais”, reforça Brenner.
Com relação aos medicamentos, analgésicos, antidepressivos, anticoncepcionais, anti-inflamatórios são conhecidos por essa ação, mas em geral qualquer um pode induzir à queda. “Porque eles interferem na finalização. Se olhar os efeitos colaterais descritos nas bulas dos medicamentos, estará lá a queda dos fios. Os mais conhecidos são os anticoagulantes, mas qualquer um acaba tendo o mesmo efeito”, diz a especialista.
Dos tratamentos mais indicados, a substituição de algum medicamento ou estímulo no couro cabeludo com tônicos, que favoreçam o nascimento de mais fios.
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