Saúde e Bem-Estar

Repelentes caseiros e alimentos previnem a febre amarela? Veja mitos e verdades

Marina Mori
25/01/2018 17:00
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Fórmulas naturais ajudam a espantar mosquitos, mas não devem ser a única forma de prevenção. Foto: Bigstock.

Em um momento em que o país está travando uma batalha contra surtos de doenças transmitidas por picadas de mosquitos, não faltam dicas e recomendações do que fazer para afastar os insetos. Entre os repelentes naturais caseiros mais divulgados em grupos de WhatsApp e Facebook, alguns ingredientes têm sido eleitos os ideais. Segundo as recomendações dos especialistas da internet, alho, própolis e levedo de cerveja são infalíveis para manter os mosquitos longe da pele. Será mesmo?
Na verdade, não.  “Isso tudo é mito e nada tem comprovação científica”, esclarece a nutricionista e fundadora do site Não Conto Calorias, Marina Nogueira. Incomodada com a quantidade de mensagens e falsas correntes que vem recebendo em suas redes sociais sobre como prevenir a febre amarela, ela decidiu publicar um post em seu blog para desmascarar os boatos.

Suor

Quando consumidos, os alimentos em questão provocariam no corpo uma alteração no suor. Este, por sua vez, liberaria um “cheiro desagradável” capaz de espantar os mosquitos. O problema, segundo a nutricionista, é que, para fazer efeito, seria preciso ingerir quantidades absurdas de cada um deles. “Algumas gotinhas de própolis e dois dentes de alho não são suficientes para alterar o suor”, garante.
Além do mais,  é bem provável que alguém que tenha coragem de consumir uma cabeça de alho todos os dias ganhe como efeito colateral muita azia e mau hálito.
Mas não é só isso. Marina explica que, por mais que alguns alimentos possam de fato alterar o suor, essa mudança é muito rápida e transitória. “Estamos falando de minutos. É o tempo de o corpo metabolizar e jogar para o suor, depois tudo volta ao normal”, diz.
Alho, só para temperar a comida. O ingrediente não funciona como repelente natural. Foto: Gaelle Marcel / Unsplash
Alho, só para temperar a comida. O ingrediente não funciona como repelente natural. Foto: Gaelle Marcel / Unsplash

O mito da vitamina B

Talvez esta seja a mentira mais espalhada pela internet. A nutricionista reforça que não há comprovação científica de que suplementos vitamínicos do complexo B são capazes de alterar o metabolismo e agir como repelentes. Quem cai na lorota das correntes virtuais ou nas histórias “verídicas” de alguém-que-conhece-alguém-que-tomou-e-funcionou pode até correr o risco de desenvolver uma hipervitaminose.
“São raros os casos, mas, quando acontece, podem ocorrer problemas cardíacos com alteração de pressão arterial, parestesia e dores musculares”, alerta a especialista.

Repelentes naturais com plantas

A médica infectologista e epidemiologista Betânia Nogueira afirma que existem, sim, algumas plantas aromáticas capazes de afastar os mosquitos, como a citronela, o alecrim e a lavanda. Porém, elas não devem ser usadas como única prevenção. “Em uma situação de epidemia e de uma doença grave como a febre amarela, temos que confiar nos produtos que têm comprovação científica. Neste momento, não há recomendação para os repelentes caseiros”, afirma.
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