As modas fitness e alimentares não são uma novidade contemporânea, mas se potencializaram com Instagram e afins. Uma das mais recentes — e buscadas pelos interessados no corpo “ideal” — é o “ab crack”. Sim, o nome é esquisito. E significa, basicamente, um abdômen “rasgado” logo abaixo do tórax até o umbigo. É como se o abdômen fosse “dividido” por uma linha, que aparece quando o porcentual de gordura do corpo está baixo e a pele pode “colar” no músculo, deixando ele ressaltado.
Mas não é tão simples: o biotipo e a predisposição genética para definir certos músculos e perder ou acumular gordura em determinadas regiões do corpo também influenciam.
Por isso, é bom ir com calma para não se frustar, diz o especialista em musculação Marcelo Santana. “Se confunde muito o que é saudável com a busca a qualquer custo pela moda fitness. Por isso sempre falo que é necessário trabalhar com expectativa e realidade”, ressalta ele, que lembra ainda que as estratégias radicais, como treinar várias horas por dia ou adotar dietas muito restritivas não costumam ser sustentáveis. “Em três meses a pessoa deixa tudo e sai da academia”, diz.
Dá para melhorar?
Segundo Marcelo, pessoas que estão em busca de um corpo mais definido podem, sim, conseguir os resultados estéticos (que não tem necessariamente a ver com saúde) equilibrando a alimentação com a academia. “Sempre falo que 70% da redução de gordura é a dieta e 30% a academia. Cansamos de ver pessoas se exercitando por horas para ‘correr atrás do prejuízo’, isso não funciona”, alerta Marcelo que lembra, ainda, que esse comportamento pode deixar a pessoa mais suscetível a ter lesões, às vezes até graves, o que pode a afastar dos treinos por muito tempo.
Quais exercícios fazer?
Quem quer uma cintura menor e um abdômen definido precisa fazer muitos exercícios abdominais localizados, certo? Nem sempre, explica o educador físico e coach da Mahamudra em Curitiba, Felipe Kutianski. “É um mito dentro da educação física. Ninguém define o abdômen só fazendo abdominais. É preciso dar outros estímulos ao corpo para o processo de emagrecimento”.
A musculação é uma das práticas mais eficazes para esse tipo de objetivo. Os movimentos, de maneira geral, sempre trabalham o abdômen, mesmo que não diretamente. Kutianski cita como exemplo o agachamento com sobrecarga. “Trabalha muito os abdominais porque o abdômen precisa estar todo contraído para fazer a estabilização do tronco. Ou seja, não é só a musculatura ativa daquele exercício, um agrupamento de músculos grande é estimulado”.
Para quem não gosta de se exercitar com pesos, Santana sugere que ela seja intercalada com outros exercícios, mas que esteja presente na rotina mesmo que poucas vezes na semana. “Se não gosta de musculação não tem porquê fazer cinco vezes na semana. Procure uma atividade que te motivo e dê prazer”.
A genética também pesa, e muito
O vão muscular abdominal almejado do ab crack tem muito mais a ver com a genética do que com os treinos, diz Santana. Todos nós somos programados a acumular mais ou menos gordura em determinados locais do corpo. “O ab crack é, sim, mais genética do que condicional. Não é raro de se ver pessoas que se dedicam mais aos exercícios e alimentação e não conseguem, ao passo que outra, que nasce com essa individualidade favorecida, conquista muito mais fácil”.
Porém, Kutianski lembra que é possível ter uma mudança “significativa no corpo” seguindo treinos e uma alimentação balanceada, mesmo que os genes não sejam tão favoráveis. “Para você chegar no efeito platô, que é quando não se tem mais alterações, demora, e você precisa estar muito treinado. Com hábitos saudáveis você consegue sim uma boa definição muscular, claro, dentro da sua genética”.
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