Das 10 amostras de sashimis, feitos com o peixe salmão na forma crua, analisados neste mês pela Proteste, associação dos consumidores, nove foram reprovadas. As amostras vieram de 10 estabelecimentos localizados no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas alertam para o perigo do consumo de peixes crus contaminados por micro-organismos.
Embora a culinária japonesa tenha recebido um destaque grande nos últimos anos, relacionada principalmente a ideia de uma alimentação mais saudável, esses alimentos crus chegam a ser mais manipulados do que os preparos que passam por algum tipo de aquecimento – e têm, portanto, maior risco de contaminação.
Da análise da Proteste foram verificados o acondicionamento e transporte, a atividade de água, habitat, hábitos de higiene dos manipuladores de alimentos, o tempo de exposição nas prateleiras e a ação de enzimas e sucos digestivos. Foram encontradas nas amostras contaminas a presença dos seguintes microorganismos patogênicos: Coliformes totais, Escherichia coli, Estafilococos coagulase positiva, bolores, leveduras, Vibrio parahemolyticus e cholerae, Salmonella spp.
Também foram encontradas bactérias, como a Listeria monocytogenes, capaz de crescer sob refrigeração e até mesmo resistir ao congelamento; e a Aeromonas sp., que causa diarreia e infecções.
Vou comer peixe cru, como garantir que ele não está contaminado?
Se estiver contaminado, o peixe vem da própria natureza assim e não é possível identificar facilmente qual deles pode conter uma infecção ou não. É possível, porém, tomar algumas atitudes que diminuam os riscos, conforme explica Gilberto Pavanelli, professor e pesquisador em Zoologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e autor do livro Zoonoses Humanas Transmissíveis por Peixes no Brasil (Editora UniCesumar, 2015), e
m entrevista ao Viver Bem.
“O salmão que vem do Chile chega ao Brasil em cima de uma camada de gelo, suficiente apenas para evitar o crescimento das bactérias. A fiscalização do Estado deve ser eficiente, nesse sentido, para evitar que a população coma peixes crus infectados e que venha a desenvolver as doenças. O que pode ser indicado é que as pessoas escolham restaurantes e peixarias com peixes de boa procedência, que sejam confiáveis”, explica o professor.
Se for comer o peixe cru em casa, existe uma atitude ainda mais eficaz: congelar o peixe. “Compre, congele durante sete dias no congelador da geladeira e todos os possíveis parasitas serão destruídos”, reforça o pesquisador.
Perigos do mar para a mesa
Repense o consumo cru dos seguintes peixes e crustáceos, pois eles podem desencadear as doenças a seguir: Tainha (Fagicolose), Salmão (Difilobotríase), Linguado Chinês (Clonorquíase), Arenque (Anasaquíase), Bacalhau (Pseudoterranovíase), Cacharas, tipo de Pintado (Contracequíase), Lagosta, rã, caranguejo e peixes de água doce (gnatostomíase), Peixes de água doce (Capilaríase), Catfish, Mirabaia, Perca (Eustrongilidíase) e Chub (Dioctofimose).
12 doenças foram registradas até o momento em todo o mundo relacionadas às infecções de peixes crus. No Brasil, há o registro de pelo menos quatro doenças com pessoas contaminadas, e uma quinta doença de pessoas que se contaminaram fora do país.
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