Saúde e Bem-Estar

Atchim!

Flavia Schiochet, especial para a Gazeta do Povo
02/06/2013 03:04
Basta o termômetro registrar temperaturas na casa dos 10°C que o corpo começa a apresentar sinais de que não gostou da mudança no tempo. Às vezes, os primeiros sintomas são tosse, uma dor de cabeça insistente ou o inevitável nariz trancado. “Quando começa a esfriar, as pessoas ficam mais aglomeradas em ambientes fechados e pouco ventilados, o que facilita a transmissão de microorganismos”, explica Lorraine Landgraf, alergista e imunologista do Hospital Marcelino Champagnat. “Os vírus são mais prevalentes nessa época e os ácaros proliferam mais nos meses de verão, mas se acumulam nos meses de outono e depois diminuem gradativamente”, completa o alergista Nelson Rosário Filho do Hospital de Clínicas de Curitiba.
Diferentemente do que apregoam as avós, não é deixando de tomar sorvete nos dias frios que se evita os espirros, mas sim ventilando espaços fechados, como o ônibus, o ambiente de trabalho ou mesmo em casa. Os vírus que causam o resfriado estão presentes o ano todo, e em Curitiba o mais comum é o Rinovirus. Por outro lado, o Influenza – causador das gripes H1N1 (suína) e H3N4 (aviária), por exemplo – é mais ativo nos meses de inverno. “O vírus Influenza tem uma ocorrência maior especialmente em julho, mas não se sabe exatamente o porquê. É por isso que existe uma campanha de vacinação nessa época do ano”, observa Rosário Filho. A diferença entre um resfriado e uma gripe está em seus sintomas: enquanto a primeira se restringe às vias aéreas superiores (garganta e nariz), a segunda causa também febre, dores no corpo, mal estar e dor de cabeça.
O tempo seco e o ar gelado que aparecem a partir de junho também não colaboram com a saúde: ressecam as vias respiratórias e criam um ambiente propício para alergias respiratórias como rinite e asma. O contato com vírus também interfere nos mecanismos de defesa do corpo e pode fazer a imunidade baixar, facilitando a instalação de bactérias. Desconfortos como a dor de garganta são um sinal de que algo está errado, como uma amigdalite, laringite ou faringite, aponta a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia de Curitiba.
Crianças e idosos
A atenção deve ser redobrada no caso das crianças e dos idosos. Como a imunidade de ambas as faixas etárias é mais delicada, toda prevenção é válida. A vacina contra a gripe é um exemplo. “O sistema imunológico ainda está se desenvolvendo nos quatro primeiros anos de idade. Até os dois anos é mais crítico. E a partir dos 60 anos existe uma queda e a pessoa fica mais vulnerável a doenças como a gripe”, diz Lorraine. Segundo Rosário Filho, não é possível evitar totalmente o contato com os vírus, pois esses e outros microorganismos se dispersam pelo ar facilmente.
Doenças e seus sintomas
Conheça os principais problemas que afetam as vias respiratórias nessa época do ano e o que as causam:
Dor de garganta: pode ser uma infecção bacteriana ou viral ou irritação por causa do ar seco e gelado, que atinge a região da faringe, e pode deixá-la mais vulnerável a outros microorganismos e causar amigdalite, faringite ou laringite. Os sintomas são dor, tosse irritativa, rouquidão e, em alguns casos, afonia (perda de voz).
• Resfriado e gripe: ambas são infecções causadas por vírus e são similares. O resfriado dura menos dias e pode ser desencadeado por vários tipos de vírus – o mais comum em Curitiba é o Rinovirus. Apresenta nariz trancado, secreção nasal, coceira no nariz, espirros e febre baixa. A gripe, por sua vez, é causada pelo vírus Influenza e apresenta febre, dores no corpo e na cabeça e mal estar.
• Rinite: há duas, a alérgica e a irritativa. A alérgica é uma resposta do organismo sensível a ácaros e pode ocorrer o ano todo. Seus sintomas são congestão nasal, secreção e coceira no nariz e espirros. A irritativa tem sua origem no clima seco e frio, que resseca as vias respiratórias e causa sintomas como congestão nasal e tosse.
• Asma ou bronquite: o quadro alérgico apresenta crises de tosse seca, sensação de falta de ar e o paciente pode apresentar chiado no peito.
• Sinusite: uma rinite mal curada pode virar uma sinusite. A baixa temperatura e umidade criam um meio propício para a infecção bacteriana. Os sintomas são dor de cabeça, febre, secreção nasal espessa amarelada ou esverdeada, tosse com secreção e algumas pessoas têm dor de cabeça intensa, como nos sinos da face e/ou no fundo dos olhos.
• Pneumonia: é uma complicação da asma e pode ser uma infecção bacteriana ou viral. Seus sintomas são tosse com muita secreção, febre alta frequente e sensação de falta de ar.
• Meningite: é uma inflamação das meninges, membranas que revestem a coluna cervical. Apesar de não ser uma inflamação nas vias respiratórias, pode ser causada por vírus ou bactéria presente em ambientes fechados, pouco ventilados e com aglomeração de pessoas. Os doentes apresentam febre, dor de cabeça, vômito, mal estar geral.
• Otite: infecção nos ouvidos causada por bactéria ou vírus. Como o ouvido e o nariz têm um canal de comunicação, a secreção de uma rinite, por exemplo, pode chegar ao canal auditivo e causar a inflamação. Os sintomas são dor de ouvido, dor intensa e febre.
Fique atento!
Alguns cuidados que podem ajudar você a ficar “blindado” contra as doenças de inverno:
Vacine-se contra a gripe, principalmente, se você fizer parte de algum grupo de risco, como crianças de seis meses a 2 anos, pessoas com 60 anos ou mais, doentes crônicos entre 2 e 59 anos, mulheres até 45 dias após o parto, gestantes, indígenas, pessoas privadas de liberdade e profissionais de saúde.
Higienize cobertores e roupas de inverno antes de usá-los, pois o pó e os ácaros presentes nesses tecidos desencadeiam reações alérgicas e irritativas.
Lave as mãos com frequência para evitar a transmissão dos vírus da gripe e resfriado. Usar álcool gel também ajuda.
Evite lo­cais fechados. O tempo seco e ar gelado facilitam a dispersão de vírus e outros microorganismos, principalmente se o ambiente não for ventilado.
Limpe o aquecedor antes de usá-lo, ele pode conter fungos e bactérias que causam danos à saúde. Alguns aparelhos podem ressecar o ar, certifique-se que o ambiente permaneça úmido.
Proteja-se do vento gelado: use o cachecol por cima do nariz e boca para aquecer o ar gelado e não ressecar as vias respiratórias. Isso evita dores de garganta e inflamações na amígdala, faringe e laringe.
Tome bastante água: manter-se hidratado ajuda o corpo a liberar secreções e, no caso de febre, evita a desidratação.
Evite a automedicação. Sintomas como dor de cabeça, febre ou dor de garganta geralmente estão ligados a outras doenças. Procure um médico para ouvir o diagnóstico.