Saúde e Bem-Estar

Brasil enfrenta epidemia de suicídio, alerta ministra Damares Alves

Gazeta do Povo
06/08/2019 12:59
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Ministra Damares Alves alerta para uma "epidemia de suicídio" no Brasil Foto: Bigstock.

Em todo o mundo, 800 mil pessoas cometem suicídio anualmente, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, entre 2007 e 2016, foram registradas mais de 106 mil mortes com a mesma causa, conforme alerta o Ministério da Saúde.
Para a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, a mudança na legislação para a notificação do suicídio (assim como casos de tentativa e automutilação), ocorrida neste ano, promete números ainda maiores. Segundo Damares, o país vive um “caos da epidemia de suicídio”.

“[O Brasil] está diante do caos da epidemia de suicídio. É possível que a gente se assuste [com os dados atualizados]. Que a gente esteja entre os cinco primeiros no mundo em suicídio e automutilação”, disse a ministra durante uma entrevista à TV Brasil, que irá ao ar às 23h desta terça-feira (06). 

Ainda conforme Damares, a atenção às pessoas com doenças mentais, como depressão, é fundamental para o combate a “epidemia”, principalmente entre crianças e adolescentes — onde o fenômeno também ocorre.
“Todos eles que estão se autoflagelando e tentando o suicídio falam que estão com dor na alma. E a gente não pode subestimar isso. Não subestime e, por favor, não recrimine. Não use essa frase ‘é frescura, quer aparecer’. Não é! Essa geração está em profundo sofrimento. Nós vamos ter que entender, saber o que está causando esse sofrimento. Essa geração não sabe lidar com conflitos”, alerta a ministra.

Sintomas diferentes entre crianças e adolescentes

Crianças e adolescentes também estão sujeitos aos impactos das doenças mentais. E as consequências mais graves podem ser vistas no crescimento dos casos de suicídios entre essa faixa etária: 10% de aumento do fenômeno dos nove aos 19 anos. Ao longo das décadas de 1980 até 2012, o acumulado é ainda mais expressivo, chegando a 62,5% de suicídios entre adolescentes de 15 a 19 anos. Os dados fazem parte dos estudos Mapa da Violência, publicados em 2014 e 2015, e que usam informações divulgadas pelo Ministério da Saúde.
Esse aumento alerta para os sinais que os pais, professores e profissionais da saúde não estão conseguindo identificar, e que poderiam ajudar na redução dos números. Os sintomas de uma depressão entre adultos não se replicam nas crianças e jovens, que apresentam os seguintes sinais:

Crianças

  • Apatia, voz monótona;
  • Sintomas físicos, como dor de barriga, dor de cabeça e dificuldade para dormir recorrentes;
  • Irritação;
  • Queda no desempenho escolar ou não gosta mais de ir para a escola;
  • Mudança na alimentação – ou come demais ou come pouco;

Adolescentes

  • Conseguem relatar de uma forma mais clara através de frases como: “eu sou um peso para a família”, “não tenho valor nenhum”, “ninguém gosta de mim”;
  • Demonstrar grau de desesperança;
  • Irritação ou agressividade;
  • Mudança nos hábitos: desempenho escolar em queda, alimentação diferente, etc.
Uma vez identificados os sinais, o diálogo entre pais e filhos deve ser o mais acolhedor, e sem julgamento, possível.

Onde buscar ajuda?

Quem estiver passando por dificuldades e não sabe bem como conversar com amigos, familiares ou pessoas mais próximas, pode entrar em contato com diferentes canais do Centro de Valorização da Vida (CVV). A partir do telefone 188 — disponível em todo o território nacional –, o interessado pode entrar em contato a qualquer hora, em qualquer localidade do país, com pessoas capacitadas para ouvi-lo.
Quem preferir, pode entrar em contato via chat, Skype ou e-mail, através do site do CVV: www.cvv.org.br. Por telefone, o interessado pode ligar no número 188, ou diretamente no posto da sua região.

Quer ajudar? O CVV está sempre em busca de voluntários. Saiba mais aqui.

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