Saúde e Bem-Estar

Canhotos num mundo destro

Adriana Czelusniak, adrianacz@gazetadopovo.com.br
11/07/2010 03:10
O próprio neurologista conviveu com as pequenas, mas frequentes, dificuldades dos canhoteiros. “Tem coisas que a gente tem de aprender a usar a mão direita para manusear: abridor de latas, por exemplo. Aprende por instinto de sobrevivência”, conta Munhoz.
Atualmente, sabe-se que não há problema com a pessoa que usa a mão esquerda como a principal. Hoje, acredita-se que 70% dos sinistros (como também são chamados os canhotos) têm a mesma organização cerebral que os destros. Há canhoteiros que podem ser considerados gênios em suas áreas, como Picasso e o guitarrista Jimi Hendrix (veja box).
Diferença
Cada um dos dois lados do cérebro controla os movimentos da parte oposta do corpo. Enquanto as pessoas destras têm o lado esquerdo como dominante, os canhotos não costumam ter uma parte principal, os dois lados funcionam de forma simétrica. Isso pode ser uma vantagem. “Quan­do uma pessoa destra tem uma lesão no lado dominante do cérebro, perde faculdades mentais que podem ser a fala, ou movimentos da mão. Já nos canhotos, es­sa perda cognitiva pode ser me­nor, pois os dois lados têm importância igual”, explica Munhoz.
Outras diferenças costumam ser apontadas em alguns estudos. Há quem acredite que canhoteiros têm maiores aptidões para determinadas áreas profissionais, por serem mais precavidos e conservadores.
A administradora de empresas Ana Paula Menini, 29 anos, conta que, como canhota , vive se adaptando ao meio. “Tudo é feito para pessoas destras. Não di­­go que ser canhota seja uma desvantagem, pois em alguns casos, como nos esportes, por exemplo, o canhoto tem uma posição vantajosa e estratégica na equipe”, diz Ana Paula, que sempre praticou esportes como o handball.
Embora nem todos os canhotos sejam ambidestros (pessoas que são habilidosas com as duas mãos), eles costumam ter mais facilidades do que os destros quando o assunto é se virar com a “outra mão”. “Minha mãe chegou a comprar uma tesoura especial para mim. Mas não gostei nem um pouco dela, tinha a sensação de que aquela tesoura não facilitava o meu jeito de cortar”, diz, revelando que estranho mesmo é trocar a marcha do carro com a mão direita.