O hábito nocivo de fumar está atrelado a vários tipos de câncer, além de doenças inflamatórias das vias respiratórias (rinite, sinusite, otite, faringite, laringite, traqueíte, pneumonia, enfisema), cardiovasculares (infarto, hipertensão, derrame ou AVC), digestivas (halitose, boca seca, gastrite, diabetes), urinárias e sexuais, entre muitos outros.
Segundo Tanit Ganz Sanchez, otorrinolaringologista e presidente da Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido (APIDIZ), o que vem aumentando também em escalas vertiginosas é o zumbido no ouvido. “Em 1995, cerca de 15% da população tinha zumbido. Em 2010 essa taxa subiu para 24%, representando um aumento de 9% em 15 anos e tornando o zumbido um problema mais comum do que outros bem conhecidos, como diabetes, cegueira, surdez, asma ou Alzheimer. Se o número de fumantes aumentar na proporção esperada pela OMS, é muito provável que o número de pessoas com zumbido também cresça”, argumenta.
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O zumbido no ouvido também é causado por outros problemas, como a exposição a ruído (baladas e fones de ouvido) e a ondas eletromagnéticas (celulares), além de erros alimentares (jejum prolongado, abuso de cafeína, doces e gorduras. “No caso do cigarro, substâncias como o monóxido de carbono, a nicotina, formol, solventes e amônia diminuem a oxigenação sanguínea e causam obstruções vasculares. Como o ouvido interno só tem um único vaso para oxigená-lo 24 horas por dia, e de pequeno calibre, ele é muito vulnerável à ação de substâncias vasoconstritoras, por isso aparecem sequelas no aparelho auditivo”, complementa a médica.
Em um estudo apresentado como dissertação de mestrado da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), uma pessoa que fuma 5 cigarros por dia há mais de um ano tem 4 vezes mais chances de sofrer com o zumbido no ouvido. “Além disso, como as estruturas do ouvido são pequenas demais, algumas invisíveis a olho nu, acabam morrendo facilmente e provocando sintomas progressivos, como zumbido, tontura e perda da audição”, diz Sanchez.
Para ela, uma pessoa que deseja evitar esses danos aos ouvidos deve atentar-se aos seus hábitos. “Se a pessoa evitar fumar, comer doces e comidas gordurosas, praticar atividades físicas e resguardar-se da exposição recorrente a sons muito altos, tem grandes chances de dar vida longa aos seus ouvidos. Isso só depende da conscientização e da vontade de cada um para se cuidar”, finaliza.
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