Gripes, resfriados e amigdalites que surgem todo mês são vistos com frequência nos consultórios dos pediatras, mas não assustam os médicos como as infecções de ouvido, pneumonias, meningites e estomatites de repetição. No primeiro ano de vida, o sistema imunológico da criança ainda tenta se fortalecer e se infecções graves aparecem mais de duas vezes ao ano, podem indicar uma imunodeficiência primária – quando as células de defesa não atuam corretamente ou não foram produzidas em quantidade suficiente. Os tratamentos vão de infusão de anticorpos a transplante de medula óssea, dependendo da gravidade.
“Ter até 15 quadros de resfriados por ano é aceitável. A criança entra na escola e vai ter tudo isso, mas não é tão importante. Infecções graves, como osteoartrites, otites e pneumonias precisam de mais atenção por parte dos pais e dos pediatras”, afirma o imunologista, alergista pediátrico e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Herberto Chong. Outros indicadores são as infecções na pele, que formam abscessos ou eczemas, diarreias fortes, reações adversas a algumas vacinas, como a da tuberculose (BCG) e atraso na queda do coto umbilical. “O retardo na queda do coto indica um dos 180 tipos de imunodeficiência, que é a deficiência nas moléculas de adesão. É uma situação grave e requer transplante de medula o mais brevemente possível”, alerta o professor do departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, Antônio Condino Neto.
O primeiro passo, depois de identificados os sintomas, é confirmar a deficiência através do exame de sangue tradicional, hemograma, e a análise da dosagem dos anticorpos da criança. “Tem se discutido fazer o teste para identificar pacientes com imunodeficiência combinada grave junto com o teste do pezinho, logo que a criança nasce. A perspectiva é que seja implementada para um futuro próximo, talvez ano que vem, mas tudo depende de recursos públicos”, afirma Chong. Atualmente, os pais interessados no exame devem buscar um laboratório que o execute, o que não é tão simples no estado. “Não tem ninguém que faça esse exame no Paraná. Provavelmente teria de ser colhido aqui e mandado para outro estado”, explica o imunologista da UFPR.
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