Saúde e Bem-Estar

Da comodidade ao vício, conheça os perigos da automedicação

Rafael Adamowski, especial para a Gazeta do Povo
10/06/2016 22:00
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O uso de determinados remédios pode ser fatal se o paciente associar os sintomas que sente com alguma doença ou mal-estar que não condiz com a realidade. Fotos: Bigstock

Remédios para dores, para relaxamento muscular e para o combate de gripes e resfriados estão entre os campeões de venda em farmácias. A facilidade de aquisição pela não obrigatoriedade de prescrição reflete diretamente na automedicação, hábito que pode causar graves consequências e levar, inclusive, à morte. O problema se agrava devido ao fato de que muitos medicamentos causam vícios, principalmente, os descongestionantes nasais.
A posição do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) é de que jamais deve haver a automedicação sem antes o médico ser consultado e sem a verificação do real diagnóstico. Segundo Luiz Ernesto Pujol, presidente do Conselho, o uso de determinados remédios pode ser fatal se o paciente associar os sintomas que sente com alguma doença ou mal-estar que não condiz com a realidade.
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“Aspirinas, muito usadas para combater a dor de cabeça, podem ser fatais se, por exemplo, o paciente estiver com dengue e confundir os sintomas. A automedicação para dores de cabeça é a mais comum. Idosos e população em geral precisam estar atentos, pois a dor pode representar, entre outras coisas, o início de um AVC”, diz Pujol.
A cautela também deve existir no uso de anti-inflamatórios e antibióticos, principalmente aqueles que precisam ser diluídos antes de serem ingeridos. Devido à ação efervescente, podem causar úlcera gástrica se utilizados frequentemente.
Outro problema comum se deve ao fato de as pessoas guardarem os medicamentos para usar posteriormente. “Se não tiver acesso ao médico, no mínimo, buscar as orientações com um farmacêutico formado, que pode indicar determinados medicamentos. As receitas só podem ser prescritas por médicos”, acrescenta Pujol.
Busque sempre orientação de um médico ou farmacêutico.
Busque sempre orientação de um médico ou farmacêutico.
Consciência
Arnaldo Zubioli, mestre em farmacologia pela USP e atual presidente do Conselho Regional de Farmácia do Paraná (CRF-PR), enfatiza a necessidade de mais campanhas nacionais para a conscientização ao uso racional de medicamentos. O objetivo destas iniciativas seria o de alertar para os perigos de as pessoas se automedicarem antes de terem um diagnóstico profissional.
4.461 casos
de intoxicação por medicamento foram registrados no Paraná em 2015. A média é de uma vítima deste tipo de intoxicação a cada duas horas no estado.
Campanha alerta para o uso indiscriminado
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa-PR) lançou a campanha “Medicamentos: você sabe usar?”, com o apoio do CRM-PR. A finalidade é alertar e conscientizar as pessoas sobre as intoxicações provenientes da automedicação. No entendimento da Secretaria, a informação é a melhor forma de prevenir o alto índice de casos. Para auxiliar os cidadãos, a Sesa está distribuindo carteirinhas com informações úteis para os pacientes e médicos que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS).
Em casa
Confira alguns cuidados que você pode tomar:
  • Deixe os remédios fora do alcance das crianças.
  • Não deixar em locais que fiquem expostos ao sol, pois o produto perde o princípio ativo.
  • Tenha conhecimento do que está ingerindo. É imprescindível estar esclarecido sobre os problemas decorrentes.
  • Cuidado com misturas, acidentais ou não, como medicamentos com álcool.
  • Atenção com datas de vencimento.