Diabéticos em ação!
Diabéticos que fazem exercícios físicos, independentemente da atividade, usam menos insulina, têm um controle maior da glicose no sangue, mantêm doenças cardiovasculares longe e ainda aumentam a qualidade de vida. Com os cuidados adequados, qualquer exercício pode ser indicado, desde que seja feito três vezes na semana, por pelo menos uma hora, mesclando atividades aeróbicas e de resistência.
O principal risco dos exercícios físicos para o diabético, tanto do tipo 1 quanto do 2, é ter uma crise de hipoglicemia, quando a taxa de açúcar no sangue diminui demais. Isso se dá por um “bom” motivo: os medicamentos para reduzir a glicemia do sangue que os diabéticos fazem uso têm os efeitos potencializados pela atividade física. “Por segurança, antes de começar o exercício, a glicemia não pode estar abaixo de 100mg/dL e nem acima de 250mg/dL. Se a pessoa começar a sentir tontura, observar palidez na pele, sudorese intensa, mal-estar geral e até déficit de atenção, pare o exercício e meça”, orienta Rafael Michel de Macedo, fisioterapeuta e coordenador da academia do coração do Hospital Cardiológico Costantini.
Intercalar atividades de explosão, como corridas de tiros curtos, por exemplo, ou antecipar os exercícios de resistência são as sugestões da Sociedade Brasileira de Diabete (SBD) para minimizar os riscos de hipoglicemia, segundo o posicionamento divulgado pela entidade em setembro de 2015. Outras sugestões são aumentar de forma progressiva a intensidade e duração da atividade, não injetar insulina em áreas próximas aos músculos envolvidos no exercício físico e ingerir carboidratos de absorção lenta horas antes.
5-10 minutos
Antes dos exercícios devem ser dedicados até dez minutos ao aquecimento, com atividades aeróbicas de baixa intensidade. Depois, um período de cinco a dez minutos de alongamento e, ao final, mesmo tempo para um resfriamento, para que a frequência cardíaca volte a mesma do período em repouso.
Avaliação?
Se for começar uma atividade que seja mais intensa que uma caminhada, faça uma avaliação médica para prevenir oscilações excessivas da glicose e diminuir o risco de doenças cardiovasculares.
Madrugada perigosa
Treinos mais intensos e de longa duração podem repercutir mais tarde, com uma hipoglicemia noturna, de acordo com Rodrigo Nunes Lamounier, endocrinologista e coordenador do setor de educação física da SBD. “É importante que o diabético meça com mais frequência nesses casos, para não ser surpreendido de madrugada”, diz.
Olhe para o pé!
Antes e depois de qualquer atividade física, confira os pés. Procure por bolhas, machucados, passe a mão para sentir qualquer lesão e prevenir o conhecido pé diabético. Como a doença pode reduzir a sensibilidade das extremidades, essa orientação da SBD é muito importante. Sempre use um tênis adequado, com palmilhas especiais e meias sem costura interna, para manter os pés confortáveis e secos.
Caminhada também é exercício físico
Não é preciso entrar em uma academia para ver os benefícios à saúde, basta começar a andar. Dez mil passos por dia são suficientes para uma vida mais ativa, de acordo com Rodrigo Nunes Lamounier, doutor em endocrinologia e coordenador do setor de educação física da SBD. “Um recurso interessante é o uso do podômetro. É um aparelho simples, posto na cintura e que conta os passos ao longo do dia. Dez mil passos dão, em média, oito quilômetros, ou mais ou menos uma hora e meia a duas horas de caminhada”, sugere Lamounier.
Caminhar também não exige avaliação prévia dos médicos. De acordo com o posicionamento da SBD, quem quiser começar a fazer exercícios físicos de baixa intensidade, como a caminhada, não há de modo geral necessidade de teste ergométrico de rotina. “Não existe evidência de benefício e essa exigência poderia ser uma barreira para a participação [do diabético nas atividades]”, segundo o comunicado.
Musculação + aeróbico: par perfeito
Para resultados mais rápidos para os diabéticos, a indicação dos especialistas é mesclar atividades aeróbicas, como corrida, caminhada e natação, com exercícios de resistência. Os aeróbicos atuam na prevenção de doenças cardiovasculares, na perda de peso e no controle da glicemia. Dos exercícios resistidos, o mais comum é a musculação, que vai garantir uma manutenção da massa muscular, além de aumentar a capacidade de armazenamento da glicose – diminuindo o nível de açúcar circulando no sangue.
Fontes: Rafael Michel de Macedo, fisioterapeuta e coordenador da academia do coração do Hospital Cardiológico Costantini; Rodrigo Nunes Lamounier, endocrinologista e coordenador do setor de educação física da SBD.
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