Embora os homens pareçam ser sempre os protagonistas das dores e pressão no peito, enfartar não é exclusividade deles. A proteção cardiovascular que a mulher sente dos 40 aos 50 anos, enquanto vê o companheiro se preocupar com o coração, afasta-a das consultas cardiológicas. A partir dos 60 anos, no entanto, é ela quem sente a pressão do descuido com a alimentação e o sedentarismo.
O diagnóstico e controle com tratamento da hipertensão, por exemplo, têm sido mais eficiente neles do que nelas, apesar de atingi-las 15% a mais que nos homens. “Enquanto o avanço para os homens no tratamento foi de 12%, o das mulheres chegou a 1,5%. Existe a noção de que a mulher vai mais ao consultório médico, mas as doenças cardiovasculares são esquecidas”, diz o professor de cardiologia da Universidade Federal do Paraná, Cláudio da Cunha.
A apresentação dos sintomas pode confundir médicos e pacientes. A típica dor no peito nem sempre é o indicativo feminino de que algo não está certo. “Às vezes ela sente cansaço, dor na região do estômago, dor nas costas. São sintomas não convencionais que não acontecem sempre, mas podem ocorrer”, afirma o coordenador da residência da Cruz Vermelha e cardiologista do Hospital Vitória, Rubens Darwich. Mesmo exames complementares e testes de esforço podem ter um comportamento diferente. “O eletrocardiograma das mulheres tanto em repouso quanto em esforço apresentam um comportamento que não traduz a doença”, completa Cunha.
Mesmo apresentando sintomas comuns, a mulher tende a deixar a dor de lado e procurar o médico mais tarde, segundo o diretor geral do Hospital Cardiológico Costantini, Costantino Costantini. “O suprimento de oxigênio vem das artérias coronárias e quando elas começam a se fechar, forma-se um coágulo nas coronárias, que param de funcionar e dá início à dor. Só depois de senti-la é que ela vai ao médico”, alerta.
Proteção
Sentir-se segura das doenças cardiovasculares aos 40 e 50 anos, enquanto os homens na mesma faixa etária sofrem, tem lógica. Até este período, a mulher ainda possui níveis consideráveis dos hormônios estrogênio e progesterona, conhecidos protetores cardiovasculares. A reposição hormonal, porém, tem pontos positivos e negativos. “Percebe-se que quando a reposição inicia-se logo no começo da menopausa, os resultados são favoráveis. Um período longo de menopausa sem reposição (8-10 anos) pode ter resultados ruins”, afirma o professor de cardiologia da UFPR, Cláudio da Cunha.
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