Usado diariamente pela maioria das mulheres, o sutiã não é apenas mais um acessório do guarda-roupa. Quando inadequado, em especial se justo demais, pode provocar inúmeros desconfortos e até mesmo afetar a saúde, o que evidencia a importância de escolher a peça perfeita para cada corpo. Segundo o mastologista Vinicius Milani Budel, professor do departamento de ginecologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e membro do corpo clínico do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP), sutiãs desconfortáveis indicam que a função primeira da peça, a de dar sustentação, está comprometida. “Sempre que o uso deixar marcas no corpo, especialmente nos ombros e costas, é importante ficar alerta. Esse problema é mais comum em mulheres com seios muito volumosos e que, por se preocuparem com a questão estética, acabam escolhendo uma peça mais apertada”, afirma.
Entre os sintomas relatados pela medicina estão dores de cabeça, nas costas e nas mamas, além de fadiga, erupções cutâneas, tendinites e até mesmo indigestão e síndrome do intestino irritável. Mais frequentes, as dores nas costas e no pescoço surgem em função de problemas de postura, pois a mulher tende a limitar movimentos e inclinar-se para frente em uma tentativa de alívio. “O sutiã por ele mesmo não é responsável pela dor nas costas. Ela decorre de vícios posturais ligados ao desconforto e se agrava na presença de outros problemas, como obesidade e falta de exercício”, explica Budel. Também é comprovado que o aperto contínuo pode comprometer o sistema circulatório, gerando dores de cabeça na mulher. “Tecidos sintéticos também podem provocar lesões nas mamas, como eczema crônico de mamilo, reações alérgicas e dermatites de contato”, continua o mastologista.
Uma pesquisa realizada por uma fabricante internacional de lingeries com mais de 20 mil mulheres apontou que 80% delas usam sutiãs inadequados para suas medidas, o que acaba invalidando a função de sustentação e redução máxima dos movimentos das mamas. “A maior parte das mulheres define a compra do sutiã por questões estéticas, sem preocupação alguma com a saúde. Em geral procuram por cores, estampas, tecidos, modelos e enchimentos, mas não sabem responder qual sua numeração ideal”, avalia o cirurgião ortopedista e traumatologista do Instituto Ortopedia e Saúde (IOS), Fabio Ravaglia.
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Segundo ele, o sutiã perfeito deve equilibrar o peso dos seios entre a faixa das costas e as alças, na proporção de 80% para a primeira e apenas 20% para a segunda. “Seguir essa proporção é importante para que a tensão do sutiã não provoque dores musculares”, diz. Ele ainda “ensina” a identificar quando o acessório é impróprio. “Não pode subir quando a mulher ergue os braços e nem provocar depressão nos ombros”. O ortopedista também reconhece a dificuldade em encontrar o sutiã ideal, em função de um mercado que muitas vezes não se importa em padronizar moldes entre as marcas, além de não fornecer todas as informações de medidas que a mulher necessita saber na hora da compra. “Basicamente, o centro da peça deve estar ajustada ao corpo e o bojo deve tocar os seios suavemente, envolvê-los totalmente e jamais dividi-los ao meio”, resume.
Eventuais mudanças do corpo precisam ser acompanhadas pela numeração da lingerie, como no caso da gravidez. “O desenvolvimento das glândulas mamárias neste período exige modelos de sutiãs diferentes, assim como na amamentação. Um bom sutiã pode vir a prevenir falta de ar, dores nas mamas (principalmente próximo à ovulação), abrasões, dores lombares, dorsais, cervicais e de cabeça, além de mal estar geral. Pode, inclusive, contribuir para corrigir a má postura”, finaliza Ravaglia.
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