Saúde e Bem-Estar

Futuro contra o câncer

Amanda Milléo*
21/11/2013 02:30
Medicamentos que ajudam o sistema imunológico do paciente a se defender das células cancerígenas e tratamentos mais individualizados são só uma parte das pesquisas na área.
Identificar qual doença está atacando o paciente para então utilizar o medicamento mais correto parece a solução mais lógica, mas no caso do câncer há diversos subtipos que comprometem a escolha dos medicamentos. De forma a identificar qual seria a ‘chave’ certa para cada ‘fechadura’, pesquisadores têm se concentrado em desenvolver os painéis biológicos específicos das doenças. “Em junho havia seis mutações genéticas conhecidas do câncer de pulmão. Em outubro, no último congresso médico de que participei, eram 12 as mutações detectadas. O problema é que nem sempre há remédios para todos os tipos”, explica o oncologista clínico, Stephen Stefani, que palestrou no 2º Encontro de Jornalismo do Instituto do Câncer Mãe de Deus, ocorrido em Porto Alegre no início de novembro.
Em estudo
Novas pesquisas na área da oncologia têm se concentrado em alguns pontos:
Fortalecendo a defesa
Os medicamentos anticorpos monoclonais que incrementam a resposta das células de defesa do próprio organismo – fomentando as imunoterapias, também são pesquisados. “É uma resposta natural, que acelera a capacidade de defesa”, diz o coordenador do programa de residência em Oncologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Sergio Azevedo.
Remédios orais
A prática menos invasiva possível, que perpassa todo o campo da medicina, também encontra adeptos na oncologia, através de remédios quimioterápicos cada vez mais orais do que injetáveis. “Nossos netos vão achar grotesco o fato de furarmos uma veia”, diz o oncologista clínico, Stephen Stefani. Segundo ele, exemplo desse tipo de droga oral muito utilizadas hoje são a vemurafenib (indicada contra o melanoma), o imatinibe (leucemia mielóide crônica e tumor gastrintestinal), capecitabina (mama e cólon), gefitinibe (pulmão), erlotinibe (pulmão) e temozolamida (tumor cerebral). Stefani diz que a Agência Nacional de Saúde publicou recentemente uma lista de mais de 30 quimioterápicos orais que serão de cobertura obrigatória em 2014 pelos planos de saúde.
Ação mais precisa
Cerca de 70% das pessoas com câncer passam pela radioterapia em algum momento do tratamento, estima o radio-oncologista Fernando Obst. Equipamentos mais precisos para o diagnóstico, acompanhamento e tratamento têm sido desenvolvidos. O aparelho de radioterapia guiada por imagem, associada à técnica de intensidade modulada (IGRT – IMRT) permite que a radiação seja direcionada ao local certo, sem comprometer órgãos próximos. “O equipamento reduz o espectro da radiação. Em casos de câncer de pulmão, ele estuda a respiração do paciente e o aparelho liga e desliga conforme o movimento do tórax”, diz ele.
Rastros do tumor
Para acompanhar a evolução da doença, um aparelho de tomografia acoplado a outro, conhecido por PET, consegue visualizar os espaços que o tumor que encontra e até mesmo mesclar outros exames do paciente. “É dada uma injeção de um material radioativo análogo à glicose ao paciente, pois o metabolismo das células cancerígenas consome a glicose, destacando-se entre as demais”, explica o oncologista clínico, Stephen Stefani.