Um hormônio ou dois; via oral, injetável, adesivo, anel vaginal, implante ou dispositivo intrauterino (DIU) e, claro, a pílula. Há vários anticoncepcionais no mercado, cada um com seus benefícios e cuidados, alguns até mesmo mais confiáveis que a tão familiar pílula, mas poucas mulheres se arriscam a mudar. Devido aos esquecimentos ou a erros na ingestão, cerca de 40% das mulheres de países desenvolvidos e em desenvolvimento se viram em gestações não planejadas, segundo dados apresentados durante o Encontro Internacional de Ginecologia e Obstetrícia em outubro de 2012. Mas, vale dizer, que é importante saber qual anticoncepcional se adequa melhor à sua rotina reduz as dores, incômodos e os riscos de uma gravidez inesperada.
“No Brasil, a pílula é o método de maior aceitabilidade. Muitas mulheres desconfiam, por exemplo, do anel vaginal, que tem menos hormônio do que a pílula, que muda a via de administração, que tem uma colocação por mês e é mais seguro”, explica a diretora do setor de Saúde e professora de Reprodução Humana da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Claudete Reggiani. O DIU ou os implantes seriam as melhores soluções, devido às poucas chances de falha, uma para mil no primeiro caso, e uma para 10 mil no segundo, contra a pílula, cuja ineficácia é de 8 em cada 100 mulheres.
Novidades
Recomendado durante o Encontro Internacional de Ginecologia e Obstetrícia de 2012, o DIU ganhou nos últimos anos mais pesquisas e inovações. Segundo o professor do departamento de Ginecologia da UFPR, Rosires Pereira de Andrade, uma nova forma de “prender” o dispositivo na musculatura do útero tem resultados positivos. “Está sendo pesquisado na Bélgica um modelo feito com fio de náilon e hastes de cobre. Ele se prende dentro do músculo do útero e fica soltinho, é pequeno e não bate muito”, explica.
Escolha a sua
Veja os principais anticoncepcionais encontrados no mercado, suas indicações e escolha aquele que melhor se encaixa na sua rotina:
Anticoncepcionais hormonais combinados
• Opções: em pílula, injetável, anel e adesivos.
• Como funcionam: os sintéticos inibem a hipófise, glândula que libera os hormônios FSH (Folículo Hormônio Estimulante) e LH (Hormônio Luteinizante), que estimulam a produção do estrogênio e progesterona pelo organismo. Como a mulher recebe diariamente uma dose dos dois hormônios, não ocorre ovulação, mantendo o ciclo regular. Pode haver sangramento quando se toma as pílulas de 21 ou 24 dias, mas como não há óvulo, não há fecundação. A ingestão deles altera o muco cervical e o endométrio, promovendo a anticoncepção.
• Cuidados: os hormônios aplicados têm suas contra indicações. É desaconselhável que mulheres com histórico de trombose na família, hipertensas, amamentando, que fumem ou passaram por grandes cirurgias.
• Benefícios extras: reduz pelos, cólica, diminui a gordura no cabelo e na pele, minimizando as espinhas e mantém a regularidade no ciclo. Há pesquisas que relacionam seu uso com a redução no risco de câncer de ovário, endométrio, intestino e reto e dos sintomas da asma.
Pílula
• Uso: há pílulas que devem ser tomadas durante 21 dias, com sete de pausa, ou de 24 dias com quatro dias de pausa. Neste período ocorre o sangramento. Têm eficácia de 92%.
• Benefícios: como há parada de sete ou quatro dias (dependendo do tipo de pílula), a mulher que deseja saber exatamente quando ocorrerá o sangramento pode optar pela combinada.
• Preço médio: de R$ 5 a R$ 60, de acordo com a marca e quantidade de hormônios.
Anel vaginal
• Uso: feito de silicone, é imperceptível como um absorvente íntimo, libera os hormônios diretamente no meio vaginal, promovendo a absorção rápida dos medicamentos. Tem a mesma fórmula de uma pílula. Por 21 dias a mulher está segura. Após as três semanas, ela fica uma semana sem usar e depois reaplica um novo anel. No intervalo ocorre o sangramento.
• Benefícios: o anel só necessita de lembrança duas vezes ao mês – para retirá-lo e colocá-lo. Não causa dor e a facilidade em aplicá-lo varia de acordo com a mulher.
• Preço médio: R$ 50.
Adesivo
• Uso: colocado sobre a pele, na parte externa do braço, nas costas, acima dos pelos pubianos ou nas nádegas. Pequeno, pode ser escondido sob a roupa. Após aplicado, deve ser trocado a cada sete dias e, após três semanas, deve ser feita uma semana de pausa para que o sangramento ocorra, sendo então reaplicado. Pode ser utilizado por mulheres atletas.
• Benefícios: visível, garante a segurança da frequência. É fácil de aplicar e retirar.
• Preço: R$ 70.
Injetáveis
• Uso: há o mensal ,com estrogênio e progesterona, e o trimestral, que leva apenas o sintético da progesterona. Pode ser aplicado em casa, em postos de saúde ou no consultório do médico.
• Benefícios: de alta eficácia, é a escolha das mulheres que se esquecem de tomar pílulas. Porém, a injeção intramuscular pode causar dor ou desconforto. A trimestral tem dosagem um pouco maior, e a mulher que desejar engravidar poderá demorar até dois anos para conceber.
• Preço médio: de R$ 10 a R$ 30.
Anticoncepcionais hormonais não combinados
• Opções: em pílula, implante e DIU hormonal.
• Como funcionam: o efeito contraceptivo advém da progesterona, fazendo com que o estrogênio não seja necessário, apesar de trazer benefícios extras. No caso dos anticoncepcionais sem o etinilestradiol, as mulheres deixam de produzir o muco cervical e alteram o endométrio, dificultando a locomoção dos espermatozoides.
• Cuidados: como não há interrupção da ovulação, a mulher precisa ingerir o anticoncepcional continuamente, sem pausas para sangramento.
• Benefícios extras: não ocorre o sangramento, assim como a cólica, dores de cabeça, dores nas mamas, alterações no humor e outros sintomas da tensão pré-menstrual.
Pílula
• Uso: o maior problema dos hormônios combinados, a trombose, tem como “vilão” o etinilestradiol (estrogênio). Como o efeito contraceptivo advém da progesterona, surgiram as pílulas só com este hormônio, que deixa o ciclo irregular e deve ser tomada sem pausa.
• Benefícios: por serem usadas de forma contínua, impedem o surgimento de dores nas mamas, cólicas, dores de cabeça, alterações de humor e o sangramento. Como ela não inibe a ovulação, esquecê-la por mais de seis horas pode causar falhas na segurança e sangramento.
• Preço médio: encontrada em postos de saúde. Nas farmácias custa R$ 20
Implante
• Uso: essa cápsula é implantada pelo médico na face interna do braço e dura até três anos. Ela impede a fecundação pela não produção de muco e alteração do endométrio.
• Benefícios: com 13% da dosagem de hormônio encontrada nas pílulas, é considerado um dos métodos mais seguros – a cada 10 mil, apenas um falha. Para quem tem o “medo da injeção”, o método não é muito apreciado. Algumas mulheres podem apresentar sangramento.
• Preço médio: R$ 600.
DIU hormonal
• Uso: pequenos dispositivos feitos de plástico, que podem liberar substâncias como íons metálicos, hormônios ou medicamentos. O DIU provoca uma reação tipo corpo estranho no endométrio e a liberação do íon cobre tem ação espermicida, impedindo a fecundação. Implantado pelo médico, o tipo que possui hormônios pode durar cinco anos.
• Benefícios: o DIU pode ser retirado a qualquer momento e a fertilidade não é afetada. O método é muito procurado pelas mulheres que tendem a esquecer da pílula e as falhas são bem baixas – um caso em cada mil. Em alguns casos podem ocorrer infecções, mas especialistas apontam que o DIU com progesterona tende a reduzir esses eventos.
• Preço médio: de R$ 600 a R$ 800 (hormonal) e R$ 100 (o de cobre).
Colunistas
Enquete
Animal