Saúde e Bem-Estar

Não dá para combinar

Larissa Jedyn
23/07/2007 00:30
Você sabia que o antibiótico que você toma para inflamação na garganta pode anular os efeitos do seu anticoncepcional? O leite também pode “cortar” a ação de alguns medicamentos. Outros remédios, aliados, potencializam seus efeitos e, com eles, suas reações adversas. Esse emaranhado chamado “interações medicamentosas” os médicos e farmacêuticos conhecem de cor, para evitar complicações na vida dos pacientes.
Segundo o farmacêutico Cassyano Corrér, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), nem toda interação é ruim, muitos médicos se valem delas para intensificar algum tratamento. Mas normalmente elas causam prejuízos sérios, tanto nas associações que reduzem a eficácia dos remédios, quanto nas associações bombásticas, que podem potencializar algum componente e causar reação indesejada.
A interação medicamentosa ocorre quando há influência recíproca de um remédio sobre o outro. Isso porque quando um deles é administrado sozinho produz o efeito quase sempre esperado pelo médico. Já quando é receitado junto com outras drogas, ervas ou até mesmo alimentos, pode não ter o resultado desejado, o que caracteriza a interação. “Por exemplo a norfloxacina (antibiótico usado para tratamento de infecções urinárias) e amoxicilina (para amigdalites). Não há prejuízo de 100% se consumidas juntas, mas um retardo na absorção. Tomado via oral, tem que se dissolver, ser absorvido e distribuído pela corrente sangüínea para agir onde precisa”, diz a farmacêutica Cynthia França Bordin, diretora do curso de Farmácia da PUCPR. Ela explica que as interações podem ser metabólicas, entre remédio e alimento e quimícas entre medicamentos que, quando associados descaracterizam os aspectos originais do produto ou provocam efeitos tóxicos.
De acordo com estimativas, os casos chegam a 5% para os pacientes que fazem uso de poucos medicamentos e podem superar os 20% para pacientes que usam mais de 10 tipos de remédios. E o hábito da auto-medicação pode influenciar bastante essas estatísticas. “Há uma interação, por exemplo, entre ácido acetilsalicílico e antiinflamatório. Ambos são abrasivos e aumentam as chances de mal-estar gástrico. E os dois são vendidos sem receita. Por isso, é preciso sempre informar o seu médico obre os medicamentos que você usa com regularidade ou, pelo menos, falar com o farmacêutico, que pode fazer essa orientação”, explica Cassyano.
Ele ressalta que duas situações merecem atenção redobrada na hora do consumo de qualquer tipo de medicamento: na gestação – quando todos as substâncias precisam ser monitoradas pelo médico, desde o pré-natal – e em casos de alergia – se a reação alérgica aconteceu uma vez é bem provável que ocorrerá novamente. “O conselho é contar para o médico sempre tudo o que você toma. Como tem muito remédio que se toma sem prescrição médica, as pessoas subestimam o efeito. Na farmácia, busque sempre o auxílio do farmacêutico”, diz a farmacêutica Fernanda Cristina Ostrovski, responsável técnica pela Farmácia Universitária da PUCPR.
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