Saúde e Bem-Estar

Luz baixa ajuda mãe e bebê na hora do parto, diz estudo

Redação
09/09/2016 10:13
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A baixa iluminação no ambiente pode favorecer a fisiologia do parto normal, abreviar a dor da mãe e ser mais favorável para o recém-nascido. É o que mostra a pesquisa da enfermeira obstetra Michelle Gonçalves da Silva apresentada em agosto para o mestrado da Faculdade de Enfermagem da Unicamp.  Ela filmou 95 gestantes durante e após o parto e  – depois de analisar as imagens – chegou a conclusão de que a penumbra auxilia o procedimento.
Pesquisadora utilizou um sistema de filmagem especial, capaz de codificar as emoções. Filmagens foram feitas na penumbra e com a luz acesa. Foto: Visualhunt
Pesquisadora utilizou um sistema de filmagem especial, capaz de codificar as emoções. Filmagens foram feitas na penumbra e com a luz acesa. Foto: Visualhunt
As mulheres voluntárias que participaram da pesquisa foram divididas em dois grupos: as que foram filmadas num ambiente com luzes acesas e as que foram filmadas num ambiente com luzes apagadas, ficando aceso apenas o foco cirúrgico voltado para o períneo da mulher. Os partos foram realizados no Hospital “Alípio Ferreira Neto”, periferia de São Paulo.
As filmadoras escolhidas capturavam as imagens em ambiente de penumbra, que passavam pelo sistema de codificação facial para estabelecer as emoções (medo, raiva, nojo, alegria, tristeza e surpresa) das mulheres no momento do parto. Essa foi a primeira vez que o sistema – que associa a fisionomia às emoções – foi utilizado para filmar mulheres em trabalho de parto.
O sistema de filmagem codifica expressões pelos movimentos dos músculos da face e é conhecido  como Facial Action Coding System (Facs). Esse sistema foi desenvolvido pelos pesquisadores norte-americanos Paul Ekman e Wallace Friesen, os inventores do detector de mentiras moderno.
Filmagens
Algumas mulheres passaram por cinco a sete minutos de filmagem, outras por 15 a 40 minutos. Contudo, independentemente do tempo que permaneceram na sala de parto, as mulheres fizeram a mesma sequência de emoções: medo, surpresa, raiva, alegria.
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Segundo a pesquisadora, alguns estudos reportam que a iluminação ativa o neocórtex, que é o lado do raciocínio, da inteligência. A pesquisa concluiu que na hora do parto, é preciso que aconteça justamente o contrário: desativar o neocórtex e ativar o córtex primal, ou seja, aquele do lado animal, para que a gestante consiga expulsar o bebê.
A pesquisa mostra que as mulheres chegam com muito medo ao hospital e isso inibe a ativação do córtex primal. Acabam liberando adrenalina, ao invés de liberar a ocitocina (hormônio natural do parto), ficando em estado de vigilância, prontas para reagirem. Com as luzes são apagadas, porém, é possível resgatar o córtex primal, ativá-lo e liberar mais ocitocina, permitindo que o parto flua mais naturalmente, conforme defende o trabalho da enfermeira.
Michelle acredita que seu estudo poderá contribuir muito para a expansão do conhecimento na área de Obstetrícia, pois o Brasil ainda se sobressai como recordista mundial em cesarianas e existem inúmeros relatos de violência obstétrica.