Esquecer com mais frequência o local em que deixou as chaves do carro, o celular ou o horário de algum compromisso pode estar relacionado ao peso corporal. Segundo a médica psiquiatra paulista Livia Beraldo de Lima, estudos comprovam que a massa corporal excessiva influencia negativamente na memória espacial e temporal do paciente, e que manter o peso ideal pode garantir mais saúde à mente.
De acordo com Livia, isso não quer dizer que as pessoas com sobrepeso sejam mais esquecidas que todas aquelas com Índice de Massa Corporal (IMC) normal porque a influência negativa na memória depende da rotina de cada indivíduo. No entanto, apresentar IMC maior do que 25 contribui para o surgimento de problemas relacionados à memorização.
Entre os estudos que abordam essa influência está um da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, publicado na revista especializada Quartely Journal of Experimental Psychology em fevereiro de 2016.
Durante a pesquisa, cientistas avaliaram 50 pessoas com IMC entre 18 (considerado saudável) e 51 (muito obeso) que ficavam em frente a um computador e precisavam “esconder” objetos em cenários diferentes que apareciam na tela. Depois de dois dias, eles diziam aos pesquisadores quais objetos tinham escondidos e em qual lugar.
Nesse estudo, o índice de acerto entre pessoas obesas foi 15% mais baixo do que entre as magras, sugerindo que um IMC elevado pode gerar mudanças no cérebro e afetar negativamente a vivacidade da memória. Além disso, a dificuldade de memorização também poderia contribuir para o aumento de peso do paciente porque ele não lembraria de tudo o que já comeu e poderia ingerir uma quantidade ainda maior de alimentos.
Segundo a psiquiatra Lívia Beraldo de Lima, a obesidade também pode influenciar no envelhecimento cerebral precoce e dificultar o aprendizado. “Outros estudos mostram que o cérebro de obesos tem um volume menor do que o dos demais, sem contar que a obesidade ainda pode ser prejudicial por outros fatores como a qualidade dos alimentos contidos na dieta, por exemplo”.
Para saber se um indivíduo está acima do peso normal, é possível realizar o cálculo do IMC, uma medida bastante difundida que apresenta faixas de baixo peso, peso normal, sobrepeso e obesidade. Para chegar ao resultado, é necessário dividir o peso (em quilos) pela altura (em metros) ao quadrado.
IMC = Peso (quilos) / Altura (metros) x altura (metros)
Com um resultado a partir de 30, a pessoa é considerada obesa em qualquer faixa etária. No entanto, também é necessário levar em conta a distribuição da gordura corporal, os níveis de triglicerídeos, pressão arterial, glicose em jejum e circunferência da cintura.
Além da obesidade, fatores como doenças psiquiátricas e o estresse em casa ou no trabalho podem influenciar negativamente na memória. Por isso, Lívia orienta o paciente a procurar um acompanhamento multidisciplinar. “É importante ter a opinião de um psiquiatra, um neurologista e de um bom nutricionista, que é fundamental para auxiliar na realização de uma dieta adequada e aplicável à rotina de cada um”, finaliza.
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