Saúde e Bem-Estar

Pílulas e os benefícios extra-contracepção

Amanda Milléo
20/02/2014 03:50
Redução do risco de câncer de ovário, endometriose, adenomiose, cólica menstrual, sintomas de androgenismo, artrite reumatoide e até mesmo dos sintomas da asma e esclerose múltipla. Cada vez mais pesquisas científicas apontam diferentes usos para os anticoncepcionais hormonais combinados, que deixam de ter apenas a contracepção como objetivo. A diretora do setor de Saúde e professora de Reprodução Humana da Universidade Federal do Paraná, Claudete Reggiani, buscou na literatura médica os 18 principais benefícios extra-concepção que os anticoncepcionais hormonais combinados promovem. Confira abaixo:
Sangramento em excesso
Seja em relação à regularidade do fluxo menstrual ou à quantidade, a mulher que sofre com o distúrbio de sangramento tem os sintomas reduzidos com o uso do anticoncepcional hormonal combinado, que regula e melhora o ciclo.
Cólica menstrual
Considerado o evento mais frequente na vida da mulher, a cólica menstrual ou dismenorreia também sofre redução com o uso do contraceptivo hormonal.
Androgenismo
Mulheres que sofrem com acne, aumento de pelos, gordura nos cabelos ou queda dos fios possuem sintomas androgênicos. Apesar de sintomas masculinos, são produzidos pelos ovários e há opções de anticoncepcionais com ação antiandrogênica que os previne. Os modelos antiandrogênicos também melhoram as características dos ovários, especialmente a estrutura, visto que muitas das mulheres com esses sintomas podem ter ovários policísticos. Ao usar os hormônios combinados, há uma redução dos cistos, do tamanho do ovário e isso se torna uma proteção para quando quiser engravidar.
Síndrome pré-menstrual
A TPM também é prevenida pelos anticoncepcionais combinados. A síndrome pré-menstrual, cujos sintomas estão relacionados à mudança repentina do humor, desaparece quando a mulher está grávida, amamentando ou na menopausa. Como este período é mais breve do que frequente na vida da mulher, os contraceptivos são boas opções.
Cisto de ovário
Mensalmente, um folículo se desenvolve dentro do ovário e libera um óvulo. Quando não ocorre a liberação, forma-se um cisto. Quando a mulher toma o anticoncepcional não há ovulação, protegendo da formação de cistos foliculares ou de corpo lúteo.
Endometriose e adenomiose
Os contraceptivos hormonais aliviam as dores e reduzem as lesões, especialmente quando tomados em regimes longos e sem pausas. Mulheres que passaram por procedimentos cirúrgicos de remoção de cisto também são aconselhadas a tomarem, para que não tenha ocorrência da endometriose ou adenomiose.
Mioma
Nódulos da musculatura, o mioma é um processo benigno que também pode provocar dor, aumento do sangramento e que, de acordo com o tamanho e o local que se encontra, pode levar à infertilidade. A anticoncepção reduz os riscos de desenvolvimento da doença, especialmente relacionado ao tempo de uso. Se a mulher toma anticoncepcionais há pelo menos sete anos, o risco reduz em 50%.
Asma
Até mesmo seus sintomas podem ser reduzidos com os anticoncepcionais hormonais combinados. Há estudos que associam a inflamação dos brônquios com os hormônios.
Esclerose múltipla
O uso contínuo de hormônios consegue atrasar os primeiros sintomas e, quanto maior for o tempo de uso, maior será o atraso e a proteção.
Doenças inflamatórias pélvicas
A inflamação das trompas, ou DIP’s, é reduzida em 50% a 60% com o uso da anticoncepção combinada. Como a progesterona torna o muco cervical espesso e escasso, espermatozoides e bactérias não conseguem subir pelo útero.
Artrite reumatóide
A doença autoimune, caracterizada pela inflamação das articulações, também pode ser reduzida com a ingestão da contracepção hormonal combinada. Estudos apontam que a incidência reduz em até 30% com os anticoncepcionais.
Enxaqueca
Por estar relacionada a alterações hormonais, a regularidade promovida pelos contraceptivos beneficiam quem sofre de enxaquecas menstruais, que normalmente surgem durante o período de pausa.
Estrutura óssea
Como a manutenção do cálcio nos ossos está relacionada ao estrogênio, os períodos na vida da mulher em que há redução do hormônio (adolescência e menopausa) podem favorecer a fragilidade óssea. A contracepção combinada preserva a densidade mineral óssea especialmente nestas épocas.
Voz
Com o passar dos anos, muitas mulheres percebem mudanças corporais. Inclusive na voz. As cordas vocais também são hormônios-dependentes e, na chegada da menopausa, pode-se perceber o engrossamento da voz. Os anticoncepcionais antiandrogênicos melhoram a qualidade, mantendo o timbre.
Doença benigna da mama
Quanto maior for o tempo de uso dos contraceptivos combinados, maior será a proteção contra cisto de mama, fibroadenomas, nódulos de mama e outros processos benignos da mama.
Câncer de ovário
Com a ruptura folicular que ocorre todo mês para a liberação do óvulo, a mulher sofre uma lesão na superfície do ovário. Cada rompimento exige que o ovário cicatrize. Quem faz uso dos hormônios combinados não passa pelo processo e a prevenção é acumulativa. Uma mulher que faz uso há mais de 10 anos tem redução de 80% no risco de câncer de ovário. Mais de cinco anos reduz em 20%.
Câncer do endométrio (útero) e hiperplasia
Estudos mostram resultados positivos também para a redução no índice de câncer do útero e hiperplasia do endométrio (aumento da espessura do tecido interno do útero). Mais de cinco anos de anticoncepcionais combinados reduzem em 50% este tipo de câncer e o efeito protetor pode persistir mais de 20 anos depois de finalizado o uso.
Câncer do cólon, intestino e reto
Apesar de recentes, as pesquisas também sugerem proteção no desenvolvimento do câncer de cólon, intestino e reto. Neste tipo de câncer está relacionado o uso recente dos contraceptivos e não na ação em longo prazo.