Saúde e Bem-Estar
Há quase dez anos a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a considerar oficialmente o sexo como um indicativo de qualidade de vida. Essa é uma descoberta que homens e mulheres fazem todos os dias, quando lotam os consultórios médicos a fim de melhorar sua vida sexual. A prática vai muito além do caráter reprodutivo e do prazer. É cientificamente provado que o sexo traz benefícios físicos e mentais. O Viver Bem procurou médicos de diferentes especialidades para explicar porque a atividade sexual pode ser comparada a uma atividade esportiva e também funcionar como uma alavanca emocional para a autoestima de homens e mulheres. Confira alguns dos benefícios
Corpo saudável
Durante a relação sexual, dependendo da intensidade e da duração, o esforço equivale a uma caminhada de uma hora em marcha leve. O sexo é uma ótima alternativa para perder peso, especialmente se aliada a outros exercícios físicos, de acordo com o médico cardiologista e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) José Rocha Faria Neto. Mas o sexólogo e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Carlos Scheidemantel diz que não dá para pensar em praticar o sexo como única forma de atividade física. “Seria necessário pelo menos de 30 a 40 minutos diários, cinco vezes por semana, para haver uma proteção cardiovascular eficaz, o que nem sempre é possível”, afirma. E assim como acontece com as práticas esportivas, é preciso estar em forma antes de se aventurar em atividades sexuais mais intensas. “O risco é o mesmo que corre aquele que nunca faz atividades físicas e resolve jogar uma partida de futebol inteira no fim de semana”, afirma o cardiologista.
Coração protegido
O aumento temporário da atividade cardíaca e da pressão arterial contribuem para manter um coração saudável. Entretanto, o cardiologista Faria Neto ressalta que, para isso, a relação deve acontecer em um ambiente tranquilo e com um parceiro habitual. “Pesquisas confirmaram que a chance de uma pessoa sofrer um enfarte durante uma relação sexual é muito maior quando ela envolve um parceiro extraconjugal. Então, pular o muro pode ser prejudicial ao coração. Isso porque essas relações envolvem alto nível de ansiedade e estresse”, explica. Pessoas com problemas cardíacos não precisam se afastar do sexo, mas o médico afirma que algumas restrições podem ser feitas dependendo do caso. “A partir dos 40 anos é importante fazer sempre o check-up anual, nesse momento o paciente já vai saber se terá que tomar algum cuidado extra”, diz.
“Numa atividade sexual em que a pessoa se excita de fato, a frequência cardíaca, a pressão arterial e os movimentos respiratórios aumentam como num exercício físico e isto dá maior tonicidade e força ao coração”, complementa Scheidemantel.
Musculatura e auto-defesa reforçadas
O exercício feito durante o sexo faz com que grupos musculares sejam trabalhados, especialmente as coxas, o dorso e o abdome. Além disso, o sistema imunológico é reforçado. Uma pesquisa da Universidade norte-americana Wilkes confirmou que os níveis de defesa do organismo são elevados com mais anticorpos quando se pratica o sexo ao menos uma vez por semana. Nas mulheres, o exercício feito também contribui para um melhor controle dos músculos da vagina. Segundo a psicóloga especialista em sexualidade humana Gilka Borges Correia, esse fortalecimento contribui para intensificar o prazer em novas relações e diminui o risco de problemas como a incontinência urinária. A sensação de dor também é influenciada durante as relações por causa de substâncias como a endorfina e a ocitocina, que durante o orgasmo reduzem as dores do corpo e da cabeça. O sexólogo Scheidemantel lembra que, quanto aos grupos musculares exercitados, irá depender de como as pessoas praticam o sexo. “Tem algumas pessoas que são absolutamente passivas e outras muito ativas na relação sexual e isto pode fazer uma grande diferença em termos de músculos exercitados”, diz.
Intimidade
Muito mais do que uma ginástica, o sexo é uma parceria afetiva. Para Gilka, o mais importante é o comprometimento ético e o respeito com seu próprio corpo. “O sexo é construtivo dentro da relação que não é casual ou artificial. Ele fortalece o vínculo afetivo e complementa a vida a dois”, diz. O médico urologista Marco Antônio Gubert complementa que, para a manutenção do casal, o sexo é fundamental. “A troca que acontece faz com que seja mantido o laço amoroso e o desejo. Quanto mais praticado e quanto melhor o resultado, mais os parceiros estarão animados para atos futuros”, afirma a psicóloga.
Relaxamento
Estresse e má-vontade não têm vez com a prática sexual. Isso porque durante a relação o corpo libera substâncias semelhantes às liberadas quando se faz esporte ou outras atividades físicas. Apesar do cansaço, essas substâncias relaxam e trazem satisfação geral. O estímulo da corrente sanguínea, a movimentação das diferentes partes do corpo e a queima de calorias também contribuem para um sono pesado.
Autoestima
Sentir-se desejado é um dos fatores que fazem com que a prática do sexo contribua para a elevação da autoestima. Ter um bom desempenho e poder contar com um companheiro depois das relações ajuda a pessoa a conquistar autoconfiança e a procurar melhorar cada vez mais a performance. Para o psiquiatra Dagoberto Requião, diretor do Hospital Nossa Senhora da Luz, se a relação não for mecânica, a vida sexual ativa é muito gratificante. A sintonia entre o casal também deve estar funcionando. “O sexo tem que ter a concordância entre os parceiros e respeitar o momento individual. Não existe calendário ou tabela para ser cumprida, basta respeitar a vontade de cada um”, afirma. Ele lembra que as preliminares também são importantes. “Um pode mostrar ao outro o que gosta e o que não gosta, essa troca de carinhos deve entrar para o código do relacionamento do casal”, diz.
Sexo seguro
Para o ginecologista Rosires Pereira de Andrade, a proximidade, confiança e maturidade do casal são fundamentais para o sucesso da atividade sexual. “Quando a pessoa é muito jovem, a imaturidade faz com que ela esqueça da proteção anticoncepcional ou contra doenças sexualmente transmissíveis”, diz. Por outro lado, quando homem e mulher têm um relacionamento estável e têm relações somente um com o outro a saúde sexual sai ganhando. “A chance de se contaminar com essas doenças em uma relação exclusiva é zero. As doenças não vêm do vento, e se há a fidelidade o casal está protegido”, afirma. Mulheres que estão entrando na menopausa também têm outra vantagem. “Quanto mais se faz sexo, maior é a lubrificação vaginal. Assim evita-se que essa parte do corpo fique atrofiada e que a mulher tenha dores em relações esporádicas”, explica.
Serviço
Marco Antônio Gubert (urologista), fone: (41) 3014-6606.
Rosires Pereira de Andrade (ginecologista), fone: (41) 3254-3424.
José Rocha Faria Neto (cardiologista), e-mail: jose.faria@pucpr.br.
Carlos Scheidemantel (sexólogo), fone: (41) 3336-5788.
Gilka Borges Correia (psicóloga), fone: (41) 3352-5107.
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