Talvez essa seja a primeira vez que você ouve falar em transplantar fezes, mas cientistas estão usando esse aparentemente estranho recurso cada vez mais. Hoje, as possibilidades relacionadas à técnica vão de alívio de sintomas de doenças intestinais até a ajuda no combate à obesidade. Oficialmente batizado de transplante de microbiota fecal, o procedimento tem a intenção de repovoar o intestino de pessoas doentes com os micro-organismos do corpo de pessoas saudáveis. As fezes são diluídas e transplantadas.
A técnica é relativamente recente, com o primeiro estudo mais completo publicado em 2013. Desde então, o transplante se tornou uma forma de terapia reconhecida para casos persistentes de infecção por Clostridium difficile. A bactéria, segundo o Serviço Nacional de Saúde britânico, é encontrada em 1 a cada 30 adultos, e, na maior parte das vezes, é inofensiva.
Em alguns casos — normalmente em pessoas mais velhas que tomam antibióticos —, a C. difficile causa infecção, com sintomas como diarreia, dores abdominais e pode até requerer cirurgia para retirada de partes feridas do intestino. Com o sucesso do transplante para esse tipo de infecção, os cientistas começaram a estudar o impacto da microbiota fecal em outras doenças. “Somos mais bactérias do que humanos”, resume Henrique Fillmann, presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), ao falar sobre a quantidade de micro-organismos no nosso corpo e sua importância no funcionamento equilibrado do corpo.