Saúde e Bem-Estar
Comer pode ser prazeroso. Pode ser a forma mais agradável de receber amigos em casa. Pode ser o escape quando se está ansioso. No entanto, a forma como tudo isso acontece precisa ser pensada, para que não se caia no exagero.
Aprender a comer para controlar o peso é abandonar as receitas milagrosas e encarar algumas mudanças. Reeducação alimentar, prática de exercícios e pequenas medidas – que também possam colaborar para a manutenção ou perda de peso de uma forma menos traumática – são os caminhos mais aconselháveis.
A dona de casa Adilene Pereira, 62 anos, foi obrigada a encarar uma dieta devido a um problema de saúde. Ela optou por um acompanhamento nutricional aliado ao suporte de um endocrinologista e um cardiologista. Algumas mudanças se tornaram sua rotina e a recompensa foram 16 quilos a menos. Ela trocou o pão branco pelo integral, leite integral pelo desnatado, passou a dar preferência para os produtos light e aboliu as frituras do cardápio. “Faço quase tudo sem óleo. Só no feijão coloco um pouco. Nos outros pratos, eu capricho nos temperos”, afirma. Para a nutricionista Elizabeth Smaniotto essas mudanças de hábito são um bom início para o processo de emagrecimento.
E se o dia a dia não é regular, isso não é motivo para abandonar a dieta. O supervisor de vendas Carlos Schumanski, 39 anos, tem uma vida corrida. Viaja bastante e frequentemente come fora de casa. Ele afirma que teve de aprender a adaptar a dieta a sua realidade. “Consigo ir a uma churrascaria sem exagerar. Escolho uma carne e opto por bastante salada.” Para ele, o segredo está no comprometimento, entendendo que é preciso mudar a alimentação e a rotina sedentária.
Além da reeducação alimentar, é preciso lançar adrenalina no corpo. A supervisora de nutrição do Hospital Vitória Giselda Wisnievski afirma que é importante praticar exercícios que deem prazer. “Se você odeia academia, não aproveita o tempo dedicado a ela e não obtém resultados.” Dançar, correr ou caminhar em um parque, praticar aulas de circo, nadar ou jogar vôlei são algumas das opções que fogem das salas com aparelhos de ginástica.
Milagre não existe
As dietas milagrosas até podem ter algum ponto positivo, mas funcionam por um período limitado. Segundo a nutricionista Giselda, a dieta líquida, por exemplo, funciona para desintoxicar e deve ser seguida por, no máximo, durante três dias. A nutricionista Elizabeth lembra que as pessoas que optam por esse tipo de dieta não suportam por muito tempo as restrições alimentares, além de estarem prejudicando o metabolismo corporal.
Outro exemplo é a famosa dieta da proteína. Inicialmente, dá resultados, mas depois de um tempo a pessoa volta a comer descompensadamente, além de sobrecarregar os rins devido ao aumento na produção de ácido úrico em decorrência do consumo excessivo de proteínas.
O pós-dieta da sopa, da fruta ou de qualquer outra nomenclatura rende, normalmente, muitos quilos a mais. Schumanski já emagreceu 14 quilos, combinando reeducação alimentar com caminhadas. “Eu tentei fazer a dieta da sopa, mas acabei vivendo o efeito sanfona. Quando optei por um acompanhamento nutricional, perdi bastante peso e consegui manter. Em um mês perdi 8 quilos.”
Saia da mesa com fome
O autor norte-americano Mi chael Pollan diz que para muitas pessoas comer tem pouca relação com a fome. Ele, que é autor do livro Regras da Comida (Ed. Intrínseca), considera a comida um antidepressivo que tem um custo muito alto. “Tente se conscientizar de por que está comendo, e pergunte-se se está realmente com fome”, escreve.
Pollan ensina a parar de comer antes de se sentir satisfeito, citando como isso é visto em diversas culturas. “Os japoneses têm um ditado – hara hachi bu – em que aconselham as pessoas a parar de comer quando estiveram 80% saciadas. A tradição aiurvédica da Índia aconselha a comer até estarmos 75% saciados; os chineses determinam o valor de 70%, e o profeta Maomé descreveu a barriga cheia a que continha 1/3 de comida, 1/3 de líquido e 1/3 de vento, isto é, nada.”
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