Saúde e Bem-Estar

Um vírus por trás da obesidade

Adriano Justino
25/09/2015 22:00
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Um em cada três obesos do planeta carregam o Adenovirus 36 (ADV 36), que pode ser um dos responsáveis pelo aumento da obesidade no mundo nos últimos 30 anos, entre seres humanos e também animais. Quem defende esta teoria é o médico Richard Atkinson, professor e pesquisador da Universidade de Virgínia, Estados Unidos, que coordena pesquisas sobre o vírus.
Em um estudo com aves, ratos e frangos infectados de propósito com o ADV 36, verificou-se o aumento de 50% a 150% no índice de massa corpórea. Em teste com humanos, o antígeno estava em 56% deles, 30% deles obesos e 11% não obesos, com diferença de 25 kg entre os grupos.
Estímulo à obesidade
A pesquisa sugere que o vírus atuaria estimulando a transformação das células gordurosas jovens (adipoblastos) em células gordurosas maduras e inibindo a lipólise (quebra da gordura), acarretando o aumento do número absoluto de células gordurosas, além de dificultar a redução dos depósitos de gordura dentro delas.
Muitos fatores biológicos (vírus e bactérias) estão ligados ao ganho de peso, por muitos e diferentes mecanismos. “Na pesquisa foi identificado pela primeira vez um agente que modifica a célula gordurosa, com fortes evidências de que contribua para a obesidade”, diz Myrna Campagnoli, da Associação Brasileira de Nutrologia e endocrinologista do Frischmann Aisengart.
Hipótese plausível
O aumento dramático da obesidade em todo mundo a partir da década de 1980 se deu em países muito divergentes entre si nos aspectos social e econômico. São descartados fatores genéticos para esse aumento, uma vez que três décadas não são suficientes para essas mudanças.
Como se contrai
Adquirido pelo ar e pelo contato direto com secreções, o ADV36 não é nem um tipo comum de vírus, nem a única cepa correlacionada a alterações metabólicas. Este vírus causa gripes comuns, e somente indivíduos pré-dispostos podem sofrer alterações no tecido adiposo, não sendo uma “sentença” de doença metabólica.
Multifatorial
Isoladamente, o ADV36 tem pouco potencial para promover a obesidade, que é multifatorial, também reflexo de maus hábitos de vida (alimentação inadequada e sedentarismo) associados a predisposições genéticas e mudanças metabólicas e hormonais, que podem ou não estar associadas a fatores biológicos.
Outras pesquisas
A obesidade é como um quebra-cabeças. A flora bacteriana intestinal, agentes virais e genes também são pesquisados para se buscar as raízes dela. Manter a alimentação saudável e a atividade física regular pode equilibrar a equação e minimizar riscos.
Fontes: informações dos estudos norte-americanos e dos médicos nutrólogos Durval Ribas Filho, presidente da Abran e Myrna Campagnoli, também da associação.