Saúde e Bem-Estar

Viva bem a terceira idade

Annalice Del Vecchio, especial para a Gazeta do Povo
10/11/2013 02:04
“Um jovem que deixe de praticar atividades físicas por um tempo não sofrerá tanto as consequências disso quanto o idoso, que tem perda de massa muscular acelerada. Nesta fase, o exercício não é só profilático, mas terapêutico”, explica a médica geriatra Débora Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria – Seção Paraná.
Está comprovado que o chamado “envelhecimento ativo” contribui para manter sob controle alguns ônus da longevidade como a perda de força e de massa muscular, diminuição da flexibilidade e da velocidade da marcha, alterações cardiovasculares, de imunidade e endócrinas. Mexer-se não só previne doenças como pode ajudar a tratá-las. “O exercício físico faz parte do tratamento de doenças como a obesidade, a osteoporose, o diabetes e a hipertensão arterial e diminui a mortalidade de modo geral ao reduzir, por exemplo, os riscos de infarto e derrame”, explica a médica geriatra.
Idosos que praticam uma atividade física têm ganhos significativos em qualidade de vida e bem-estar. “O exercício contribui para que o idoso possa manter sua independência, além de promover a interação social, dar-lhe mais ânimo, prevenindo ou ajudando a combater a depressão”, diz Débora.
A médica geriatra recomenda àqueles que desejam começar uma atividade física que passem por uma avaliação médica para verificar seu estado de saúde, identificar doenças não manifestas e até ser aconselhado sobre que modalidade esportiva escolher. “A indicação vai depender do condicionamento físico, da aptidão cardiovascular, das doenças e, claro, das preferências de cada pessoa”, observa a médica geriatra.
Atividades
Os exercícios mais recomendados nesta faixa etária são aqueles de força como a musculação, o pilates e mesmo a hidroterapia, pois contribuem para a reversão da perda de massa muscular. Práticas que trabalham o equilíbrio como o yoga e a dança ajudam a diminuir os riscos de quedas. Algumas academias oferecem ainda atividades que ajudam o idoso a não perder habilidades indispensáveis ao dia a dia como agachar para amarrar os sapatos, pentear os cabelos ou mesmo se levantar sozinho após uma queda. “O objetivo agora não é ter músculos, como o jovem, mas fortalecer o corpo para se manter realizando os exercícios diários. Nesse sentido, as atividades funcionais são excelentes”, considera Débora.
A Academia Gustavo Borges Mercês, por exemplo, oferece ginástica funcional adaptada ao público formado, em sua maioria, por mulheres entre 40 e 80 anos. “Elas também vêm para fazer amizade, sociabilizar, quer dizer, a atividade física também é saúde mental”, explica a professora de Educação Física Renata Arlant.
Quando a aposentadoria, não raro, implica a perda de um papel social, é necessário buscar atividades prazerosas. “O idoso tem que ser ativo, se sentir capaz”, afirma a médica geriatra.
Infelizmente a maioria da população idosa no Brasil não pratica nenhuma atividade física por diversos motivos. “Mesmo com diversos programas oferecidos à população em locais como academias, igrejas, postos de saúde, o Sesc, o idoso não vai porque a família não pode levar, não quer ou não pode ir sozinho. Há também a barreira social, ou seja, ele pensa ‘eu nunca fiz exercícios, não vai ser agora que vou fazer’”, conta Débora.
Para aqueles que ultrapassam essa barreira, a terceira idade pode significar a estreia na vida esportiva. “Pessoas que sempre foram sedentárias podem, sim, se tornar ativas”, diz o professor de Educação Física da Companhia Athletica, Luiz Otávio Coimbra. “Para isso, devem estabelecer uma rotina de exercícios que respeitem suas necessidades, condições físicas e limitações. Lembrando que os benefícios não são imediatos, mas serão adquiridos durante a prática”, completa o profissional.

Idosos ativos