Saúde e Bem-Estar

Gases x feijão: problema pode estar no modo de preparo

Isadora Rupp
20/02/2018 11:00
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Ervas como o louro também ajudam a melhorar a digestibilidade do feijão. Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo. | Gazeta do Povo

Apesar da queda no consumo — no começo dos anos 2000 o brasileiro comia, em média, 18 quilos de feijão por ano; hoje, cerca de 15 — o grão é parte importante do prato no Brasil e seus aminoácidos, fibras e nutrientes o tornam um alimento essencial para a manutenção da nossa saúde e bem-estar. Mas muita gente deixa de consumi-lo com mais frequência por conta dos gases, problema que pode acontecer também ao comer outras leguminosas como grão-de-bico e ervilha, por exemplo.
“Essa formação de gases acontece por conta dos carboidratos e nutrientes que não conseguimos digerir nos grãos, e também quando a pessoa está com o sistema digestivo não saudável, com mais bactérias ruins do que boas no intestino”, explica a nutricionista Carol Morais, também autora do livro “Projeto Verão Pra Vida Toda”.  Importante frisar que a flatulência é normal até certo ponto: segundo estudos, um adulto expele gases, em média, 20 vezes em um dia.
O principal componente dos antinutrientes do feijão e dos grãos, segundo Carol, é o fitato, um inibidor enzimático que dificulta o processo digestivo. “Como os grãs integrais não são previamente processados ou fermentados, esse ácido acaba atuando de uma forma ruim, se ligando a proteínas e minerais no trato intestinal”.
Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo.
Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo.
Isso significa que, ao comer, a absorção de cálcio, zinco, magnésio e ferro é impedida pelo organismo. O consumo de grãos integrais de modo inadequado, diz a nutricionista, pode levar a outros efeitos colaterais, desde síndrome do intestino irritável até deficiência de minerais.

O que fazer?

Para amenizar esses antinutrientes e, por consequência, os gases, a medida antes de cozinhar o seu feijão e grãos é muito simples: deixar de molho em água filtrada, o que neutraliza o ácido fítico. O ideal, de acordo com a nutricionista, é adicionar nessa água algumas gotinhas de limão ou vinagre, já que a acidez ajuda no processo.
Grãos mais duros, como os feijões e grão-de-bico devem “descansar” nessa água por pelo menos sete horas. “Já outros como arroz integral e quinoa podem ficar por menos tempo, cerca de três horas”, ensina Carol. No final do processo, jogue a água fora, lave novamente os grãos em água corrente e cozinhe normalmente.
Grão-de-bico. Foto: Bigstock.
Grão-de-bico. Foto: Bigstock.
Só cuidado para não deixar tempo demais: o grão pode começar a entrar em decomposição e acumular bactérias e ficar impróprio para o consumo. “Numa média de até 24 horas tenha bom senso: veja se não está com mau cheiro e se está íntegro para consumir”, orienta a especialista.

Organização

Como tudo na vida, começar a deixar os grãos de molho é uma questão de hábito: planejar as refeições com uma certa antecedência ajuda no processo. Outra dica é deixar os grãos de molho antes de dormir; assim, eles conseguem ficar no tempo certo na solução de água e vinagre ou limão, e você terá uma refeição mais nutritiva,  e sem consequências desagradáveis.
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