Saúde e Bem-Estar

Ser ansioso ou deprimido define o tipo de insônia que você tem

Beatriz Pozzobon, especial para a Gazeta do Povo
10/03/2019 17:00
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Existem três variações de insônia e a tipologia de cada uma pode estar relacionada à personalidade do indivíduo. Foto: Bigstock.

Todo mundo sabe que a insônia se caracteriza pela dificuldade em pegar no sono. O que muita gente pode não saber é que este distúrbio não acontece do mesmo modo em todas as pessoas.
Efetivamente, existem três variações de insônia e a tipologia de cada uma pode estar relacionada à personalidade do indivíduo.
A médica Adriane Zonato, especialista em medicina do sono do Hospital IPO, esclarece que a dificuldade em adormecer pode acontecer na fase inicial, na manutenção ou no final do sono.

Levar de cinco a 30 minutos para pegar no sono é considerado um tempo normal. A primeira variação, a insônia de conciliação ou de início de sono se caracteriza, dessa forma, quando a dificuldade em adormecer ultrapassa a primeira meia hora. Segundo a especialista, isso acontece, geralmente, com pessoas ansiosas, que não conseguem se “desligar” para dormir.

A segunda variação é a insônia de manutenção ou sono fragmentado está mais relacionada a pacientes com humor depressivo. Nesse quadro, o indivíduo desperta no meio da noite e tem dificuldade em voltar a dormir.

“Com a idade, temos mais despertares no decorrer da noite, o que pode acontecer três, quatro, cinco vezes, desde que o sono seja retomado em seguida”, pontua a médica.

O terceiro tipo de distúrbio do sono é chamado de insônia tardia ou do despertar precoce, e também está mais relacionado à depressão. Aqui, a pessoa acorda muito antes do horário desejado e não consegue voltar a dormir.

Insônia crônica

Todo mundo já passou uma noite ou outra com insônia, seja por causa de dificuldade para pegar no sono, para mantê-lo ou porque acordou antes do horário desejado. Geralmente, isso acontece por condições passageiras e mudanças de rotina, como em vésperas de provas, dificuldades financeiras ou problemas no trabalho.
No entanto, quando a dificuldade em adormecer acontece mais de três vezes na semana por um período maior de três meses, a situação é considerada como insônia crônica e precisa de acompanhamento médico.
Nesses casos, a pessoa pode ter alterações hormonais, maior tendência a diabetes, enfraquecimento do sistema imunológico, ganho de peso, distúrbios de memória e concentração, irritabilidade, ansiedade, depressão, cansaço e sonolência.

Tratamento

Quando o dormir pouco passa a afetar a qualidade de vida da pessoa com insônia, é hora de procurar ajuda médica. A especialista em medicina do sono, Adriane Zonato, afirma que o tratamento do distúrbio do sono é específico para cada paciente. Mas, geralmente, o primeiro passo é corrigir hábitos inadequados antes de dormir, como consumir comidas pesadas, álcool, cafeína e cigarro, além de praticar exercícios físicos intensos.
Dependendo do diagnóstico, o médico pode indicar o uso de medicamentos indutores do sono, que criam menos dependência química. Outra medida que pode ser recomenda pelo especialista é a psicoterapia, para um tratamento mais rápido e efetivo.

Terapia cognitivo-comportamental

A psicóloga Sabrina de Araujo Almeida destaca que a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é considerada a mais adequada no tratamento da insônia. A TCC é uma variação de psicoterapia mais focada, pontual e dirigida. No caso de pacientes insones, ela vai atuar diretamente neste quadro com objetivo de modificar as crenças disfuncionais e os pensamentos que interferem no sono.
De acordo com a psicóloga, o tratamento leva, em média dez sessões, com duração entre 30 e 90 minutos. Durante a terapia, o profissional vai buscar, em um primeiro momento, identificar e modificar maus hábitos perpetuadores da insônia; seguido por uma intervenção nas crenças sobre o sono; e técnicas de relaxamento. O objetivo é que o paciente melhore o seu padrão de sono e, com isso, sua a qualidade de vida.
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