Saúde e Bem-Estar

Anvisa proíbe comércio de remédio para emagrecer vendido como “natural”

Amanda Milléo
24/10/2018 11:45
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O suposto emagrecedor era vendido como medicamento, mesmo sem registro. (Foto: Bigstock)

O Sibuterol, suposto emagrecedor natural, teve a comercialização proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Publicada no site do órgão, a proibição da fabricação, distribuição, divulgação e comercialização, seja em loja física ou internet, aconteceu por  falta de registro do produto. Até então, o sibuterol era vendido como medicamento, mesmo sem notificação, registro ou cadastro como tal.
O órgão determina também que as unidades ainda disponíveis no mercado sejam apreendidas e inutilizadas, em todo o território nacional.

“A Anvisa lembra que produtos sem o registro da Agência não oferecem as garantias de eficácia, segurança e qualidade que são exigidas para produtos sob vigilância sanitária. Sem esses requisitos mínimos, os produtos irregulares representam um alto risco de dano e ameaça à saúde das pessoas”.

Remédio natural?

Embora o rótulo do produto sibuterol, encontrado em diferentes sites de compra coletiva no Brasil, mostre apenas quatro ingredientes “naturais”, a falta de registro na Anvisa — sem conhecimento sobre o fabricante — tornam o produto um risco à saúde.
No rótulo, o sibuterol alega ser composto por cafeína, chá verde, gengibre e citrus aurantium, o nome científico da fruta laranja-azeda. Essa mistura aceleraria o metabolismo, favorecendo a queima de gordura e o consequente emagrecimento.
Apesar dos componentes dito naturais, Salma Ali El Chab Parolin, médica endocrinologista, lembra que produtos vendidos sem liberação da agência reguladora podem ser realmente perigosos, levando a lesões no fígado, rins e até mesmo o desenvolvimento de câncer.

“O extrato de chá verde, presente neste item, é uma substância hepatotóxica. Apesar de se dizerem naturais, alguns produtos podem ser bem deletérios, especialmente se consumidos em excesso e sem orientação médica”, explica a também diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Paraná (SBEM-PR) e professora de endocrinologia da PUCPR.

Outro alerta, segundo Parolin, é para o risco de esses medicamentos vendidos na internet terem, na composição, outros ingredientes — além do que é dito no rótulo.
“Muitos desses produtos podem estar contaminados com outras substâncias, como testosterona, cafeína, efedrina e mesmo a sibutramina”, reforça a médica, que lembra dos efeitos colaterais de pacientes que fazem uso dos medicamentos ditos “naturais”, como irritabilidade e ressecamento salivar.

Riscos silenciosos

Em geral, os pacientes que fazem uso desses produtos adquiridos de forma ilícita, segundo relata a médica endocrinologista Salma Parolin, não contam aos médicos em uma primeira consulta.
“Geralmente depois da segunda, terceira consulta, os médicos conseguem obter alguma informação, porque os pacientes contam quando têm algum efeito colateral importante. Eles realmente acham que esse tipo de medicamento é inócuo, que vai diminuir o peso e não é nada disso. Tem medicamentos que fazem, inclusive, lesão hepática”, diz.
Por não saber exatamente a quantidade de cada ingrediente contido no produto e, ainda mais grave se ele estiver contaminado por outra substância, medicamentos ditos “naturais” podem desenvolver hipertensão pulmonar, alterações no quadro psiquiátrico, lesões cardíacas e, dependendo do tipo de contaminação, até mesmo o surgimento de câncer pode estar associado ao consumo.
“Gestantes, que achem que estão tomando algo ‘natural’, podem ter algum desenvolvimento de abortamento, sangramento, prematuridade. É sempre válido salientar: antes de usar qualquer produto que seja vendido na internet, busque um médico endocrinologista titulado pela SBEM“, reforça Parolin.
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