Saúde e Bem-Estar

Anvisa proíbe insumo usado em remédios contra hipertensão e infarto; saiba o que fazer

Amanda Milléo
28/08/2018 14:12
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(Foto: Bigstock)

O insumo farmacêutico ativo valsartana – utilizado em remédios para hipertensos e combate a outras doenças – teve a importação suspensa pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que alegou risco à saúde pública. O composto continha a impureza tóxica N-nitrosodimetilamina (NDMA), o que o classificaria como elevado risco sanitário, devido ao potencial carcinogênico das N-nitrosaminas,conforme informações divulgadas no site do órgão,
Embora a substância valsartana faça parte de diferentes medicamentos para prevenção de eventos cardiovasculares, como infarto, e seja vendida por diferentes laboratórios no Brasil, apenas a valsartana fabricada pelas empresas chinesa e indiana Zhejiang Tianyu Pharmaceutical Co. Ltd e Hetero Labs Limited teve a importação proibida pela Anvisa.
A presença dos elementos tóxicos no insumo citado foi identificada, segundo a Anvisa, através de uma inspeção conduzida pelo European Directorate for the Quality of Medicines & HealthCare — EDQM nas empresas que produzem a substância.
“Foi determinada como medida de interesse sanitário, a suspensão imediata da importação, distribuição, comercialização e uso do insumo farmacêutico ativo valsartana, com prazo de validade vigente, fabricado pelas empresas Zhejiang Tianyu Pharmaceutical Co. Ltd, localizada em Taizou, província Zhejiang, República Popular da China e Hetero Labs Limited, unidades fabris localizadas em Gaddapotharam Village e Narasapuram Village, Índia”, completa o comunicado do órgão brasileiro.

Sou hipertenso, e agora?

A primeira orientação para os pacientes hipertensos que fazem uso da substância nas suas medicações é para que procurem o médico cardiologista responsável e, sempre que possível, prefira o medicamento de referência.

“A orientação, por enquanto, é que os pacientes usem a valsartana de referência, que recebe o nome comercial de Diovan [produzida pelo laboratório Novartis, no Brasil]. Se a pessoa tiver a prescrição de compra da valsartana, prefira o medicamento de referência”, explica Gerson Luiz Bredt Junior, médico cardiologista clínico e diretor da Cardio Vida, em Cascavel.
Há ainda, de acordo com o cardiologista, a possibilidade de substituir a valsartana por outras substâncias, como a losartana, que é da mesma família e distribuída no Brasil pela rede de Farmácia Popular.
Essa troca, no entanto, não pode ser uma orientação genérica ao público. É preciso que ele se consulte com o médico cardiologista, para que receba as orientações de como fazer uso desse novo medicamento, em que horários tomar, por quanto tempo, etc“, reforça Bredt, que também é professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste-Cascavel) e ex-presidente da Sociedade Paranaense de Cardiologia.

De onde vem a valsartana?

A orientação do médico cardiologista para que os pacientes busquem o medicamento de referência acontece porque há diferentes medicamentos que fazem uso da valsartana nas suas composições.
O Viver Bem entrou em contato com os nomes comerciais mais conhecidos e que comercializam a valsartana no Brasil: Novartis (Diovan); EMS (Brasart); Aché (Bravan); Supera (Aval) e Eurofarma (Vartaz). Até o momento de fechamento desta matéria, a Eurofarma, laboratório responsável pelo Vartaz; a Novartis, responsável pelo Diovan, o Aché, responsável pelo Bravan; e a EMS, responsável pela Brasart responderam aos questionamentos da Gazeta do Povo. Confira:
Segundo comunicado da Eurofarma, “o medicamento Vartaz Triplo® e Vartaz H® (valsartana) não possui qualquer componente do fornecedor Zhejing Huahai Pharmaceutical Co, sendo totalmente seguro para consumo. Adicionalmente, a Eurofarma esclarece que nenhuma de suas seis fábricas na América Latina utiliza o princípio ativo do referido fornecedor. As unidades de Vartaz Triplo ® e Vartaz H® que estão no mercado podem ser consumidas normalmente até a data de validade.”
De acordo com a Novartis, “nenhum produto atualmente comercializado e distribuído pela Novartis no Brasil foi afetado pela proibição de importação do princípio ativo valsartana das empresas Zhejiang Tianyu Pharmaceutical Co. Ltd e Hetero Labs Limited. Para esses produtos, a empresa utiliza outro fornecedor de matéria-prima. A companhia reforça que tem um grande compromisso com a qualidade de seus produtos e seus pacientes. A Novartis trabalha continuamente para oferecer o melhor tratamento e descobrir novas maneiras de estender a vida das pessoas.”
Segundo o Aché Laboratórios Farmacêuticos, a empresa “não importa ou utiliza, na fabricação de seus produtos, o princípio ativo valsartana comercializado pelas empresas suspensas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A companhia reforça ainda que todos os seus medicamentos têm eficácia, qualidade e segurança comprovada”.
De acordo com a EMS, a empresa “informa que não utiliza valsartana fornecida pelas empresas Zhejiang Tianyu Pharmaceutical Co. Ltd e Hetero Labs Limited.”

Hipertensão silenciosa

A hipertensão arterial é uma doença silenciosa, que não manifesta sintomas fáceis de identificar pelo paciente. Quando aferida, se estiver acima de 14/9 é considerada hipertensão. Se estiver acima de 18/12 é considerada grave.
Caso não seja tratada, a hipertensão pode levar a diversos outros problemas, como no surgimento de eventos cardiovasculares importantes, como infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Além de medicamentos, mudança no estilo de vida, com adoção de uma alimentação mais saudável aliada a exercícios físicos moderados a intensos com frequência ajudam no controle da doença.
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