Saúde e Bem-Estar

Surto de sarampo no país faz governo buscar vacina no exterior

Estadão Conteúdo
07/08/2019 14:17
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Diante da explosão de casos em São Paulo e com receio de que o quadro se replique em outros pontos do país, a pasta procura alternativas. Foto: Bigstock.

Com estoques limitados, o Ministério da Saúde iniciou busca no mercado internacional para compra de vacina contra sarampo.
Diante da explosão de casos em São Paulo e com receio de que o quadro se replique em outros pontos do país, a pasta procura alternativas para eventual aumento expressivo da demanda.
Uma das possibilidades é usar quantitativo que havia sido reservado para uma campanha de multivacinação, programada para este semestre.

“A Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) também já se prontificou a ofertar vacinas, caso seja necessário”, disse o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Wanderson Kleber de Oliveira.

“A preparação para compra seria para um cenário mais complexo. Os estados estão abastecidos e orientados a seguir as condutas.” Mas depois completou: “Não adianta todos quererem vacinar todo mundo.”
Até 31 de julho, foram registrados 967 casos confirmados de sarampo e a capital concentra 80% dos registros, segundo a Secretaria da Saúde paulista.
O ministério considera ainda que Rio, Bahia e Pará estão com surto. Infecções confirmadas antes de maio não são mais incluídas no boletim oficial. A pasta afirma que, com longo período sem casos novos, nesses locais a transmissão foi interrompida.
Para frear a expansão da doença, campanhas voltadas a crianças e jovens adultos em São Paulo foram organizadas, incluindo postos volantes. O ministério emitiu ainda recomendação ampliando a indicação de vacina nos casos de bebês que viajam a áreas de risco para sarampo.

Tradicionalmente, a primeira dose do imunizante é dada quando a criança faz 1 ano. No informe da pasta, a indicação é de que nos casos de viagem a dose seja dada já aos 6 meses. Há grande número de bebês menores de 1 ano infectados.

Para Oliveira, isso se deve, sobretudo, ao fato de as mães desses bebês não terem sido imunizadas e, assim, não passarem os anticorpos da doença para o bebê na amamentação.
Pela lista do ministério, 37 cidades de São Paulo, Pará, Bahia e Rio são consideradas de risco. A vacinação deve ser feita até 15 dias antes da viagem e não dispensa a aplicação das duas doses tradicionais, aos 12 e aos 15 meses.
Mensalmente, o ministério encaminha para estados 2,5 milhões de doses da vacina. Diante da expansão de casos em São Paulo, foram encaminhadas 4,3 milhões de imunizantes para o estado. Desde 10 de junho, 902,2 mil pessoas de 15 a 29 anos foram imunizados. A meta é vacinar 4,4 milhões até dia 16.

Estratégia

O ministério abriu caminho na segunda para decretar emergência em saúde pública por causa do sarampo. Foi posto em operação o Comitê Operativo de Emergência em Saúde.
Composto por membros de vigilância, vacinação, atendimento hospitalar, atenção básica e assistência farmacêutica, o grupo é encarregado de fazer acompanhamento diário da evolução da epidemia e traçar estratégias, se os casos aumentarem de forma acima do previsto.
Oliveira, no entanto, avalia que o principal é manter ações de bloqueio e imunizar grupos prioritários. A vacinação em escolas é outra medida considerada importante. “Não adianta a imunização sem critério. É preciso concentrar esforços nos grupos mais vulneráveis.”

O sarampo é altamente contagioso e pode matar. A estimativa é de que um infectado tenha capacidade de contaminar 40 pessoas próximas. Tradicionalmente, o período de mais risco é em meses frios. A transmissão geralmente perde força a partir de setembro.

A vacina usada no país é produzida por Biomanguinhos. Este ano, serão preparadas 26 milhões de doses – 12 milhões já foram entregues. Conforme o laboratório, diante de um pedido do ministério, seria possível pensar em alternativas.
Nos últimos cinco anos, a produção de vacina de sarampo variou de modo expressivo. No surto de febre amarela, Biomanguinhos teve de reduzir a produção de vacina de sarampo para produzir mais imunizante contra a febre. “Como ambas compartilham uma mesma linha de produção, o aumento da demanda de uma afeta a capacidade do fornecimento de outra.”

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