O tipo de música ouvida na academia pode interferir no resultado dos exercícios
Amanda Milléo
08/07/2019 08:00
Músicas "certas" ajudam a estimular a prática de exercícios físicos muito intensos (Foto: Bigstock)
Músicas animadas podem reduzir a percepção de dificuldade do exercício físico, especialmente aqueles mais intensos, como o HIIT (high intensity interval trainning, ou exercício de alta intensidade intervalado). A conclusão foi de um estudo publicado na revista científica Psychology of Sport and Exercise, divulgado no início de junho.
Cerca de 24 participantes foram separados em três salas: em uma delas, eles escutavam músicas animadas; na segunda, podcasts com outras músicas e, na terceira, não havia som algum.
Todos, então, treinavam HIIT rapidamente, com 20 segundos de movimento sprint intervalado com períodos de descanso. Eles praticaram o treino durante 10 minutos.
“A aplicação da música durante Sprint Interval Trainning (SIT) teve o potencial de aumentar a sensação de prazer, melhorar a satisfação e elevar a performance em adultos que são insuficientemente ativos, o que pode levar a uma melhor aderência a esse tipo de exercício”, afirmam os pesquisadores sobre o achado.
Mas não se trata de qualquer música. Há aquelas mais adequadas aos exercícios mais intensos, e os pesquisadores selecionaram três que eles consideraram as mais motivadoras: Let’s Go (Calvin Harris, feat Ne-Yo), Bleed It Out (Linkin Park) e Can’t Hold Us (Mackelmore e Ryan Lewis).
Músicas “certas”
O segredo dessas músicas está nas batidas por minuto (bpm): todas tinham tempos acima da média de 135 bpm’s.
A medida que a pessoa aumenta o esforço para o exercício físico, a frequência cardíaca também se eleva, e músicas como uma batida mais forte acabam acompanhando esse ritmo, favorecendo a sensação de prazer e de estímulo do praticante.
“Isso é usado em técnicas desportivas, como de corrida, para desenvolver a coordenação motora. Nada mais é do que um metrônomo, que ajuda na cadência do movimento pelas batidas. Existem várias formas de ajustar a velocidade do movimento com a batida e, aplicado à musicalidade, vai muito do gosto pessoal, seja com rock, eletrônico, etc”, explica André Hauer, personal trainer mestre em Exercício e Saúde, professor da Bodytech, em Curitiba.
De acordo com os pesquisadores, os participantes reportaram maior prazer durante o treino quando a música estava tocando. “A frequência cardíaca e pico de performance durante o exercício também eram elevados conforme a batida da música”, comentaram no estudo.
Se a música torna o exercício mais leve, porém, isso varia conforme o participante, segundo Hauer. “Depende de cada pessoa, da condição física, do preparo que se encontra naquele momento. Mas a relação é no prazer, no estímulo para o exercício”, completa.
Para Luis Rafael de Oliveira, professor de ginástica do Clube Curitibano, o impacto das músicas no treino é visível na animação dos alunos. Por isso mesmo, a escolha das músicas varia muito entre as aulas e os alunos, que são os principais responsáveis pela escolha.
“Nas aulas de dança, eu tento perceber o que os alunos gostam mais e toco mais esses estilos. Algumas turmas preferem reggaeton, outras gostam mais de funk, e vou variando”, explica.