Saúde e Bem-Estar

Por que a Vitamina A é uma arma contra a mais temida sequela do sarampo

Amanda Milléo
05/09/2019 08:00
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A lista das crianças não vacinadas é uma iniciativa do Ministério da Saúde para potencializar o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias na busca ativa dessas crianças. Foto: Bigstock.

O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (04) que serão enviadas cápsulas de Vitamina A para serem dadas a crianças abaixo dos seis meses com suspeita de sarampo.
As vitaminas, na concentração de 50 mil UI (unidades internacionais), servirão como prevenção à cegueira — uma das sequelas do sarampo em crianças.

A orientação da pasta é que cada criança com a suspeita, e na faixa etária indicada, receba duas doses da vitamina A. A primeira dose deve ser administrada imediatamente no momento da suspeita, na Unidade de Saúde.

Já a segunda dose deve ser dada no dia seguinte, e pode ser feito em domicílio.

Recomenda-se ainda que a administração da segunda dose em casa seja supervisionada por um profissional da equipe de Atenção Primária à Saúde e/ou Vigilância em Saúde, quando houver a possibilidade.
A distribuição da vitamina A ocorrerá primeiramente nos estados em situação de surto da doença. São Paulo, por exemplo, receberá 250 cápsulas, ou cinco caixas.
Os demais estados com surtos de sarampo receberão 100 cápsulas, por terem menor número de casos. O Ministério reforça, porém, que envios extras poderão ser feitos, mediante solicitação e disponibilidade em estoque.

Vitamina A: como ela pode ajudar?

Oferecer a vitamina A para crianças com suspeita de sarampo, e que ainda não podem se vacinar contra a doença, é uma recomendação indicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
De acordo com Victor Horácio de Souza Costa Junior, médico pediatra do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, a vitamina tem um papel importante na prevenção da cegueira, que é uma das sequelas mais temidas do sarampo em crianças com deficiência dessa vitamina.

“A prevenção à cegueira em crianças é um assunto considerado de alta prioridade pela OMS. Estudos mostram que há um efeito benéfico da vitamina A na redução da carga da doença [sarampo] e no risco de morte de crianças. O sarampo, em crianças, foi associado à deficiência da vitamina A”, explica o especialista. 

Além de ser usada em crianças, a médica endocrinologista Myrna Campagnoli lembra que a vitamina A também tem ação benéfica em pessoas com algum tipo de imunodeficiência e que sejam, assim, mais susceptíveis às complicações do sarampo.

“A vitamina A não tem uma função de tratamento ou de prevenção contra o sarampo, mas previne complicações, especialmente oftalmológicas”, explica a especialista, que também é Diretora Médica do Laboratório Frischmann Aisengart. 

Conforme reforça Silmara Possas, médica pediatra e neonatologista, o uso da suplementação da vitamina A pode reverter o mecanismo da cegueira. “[Este é] um meio barato e efetivo na redução de óbitos e complicações da doença”, diz a especialista, que também é chefe da UTI Neonatal do Hospital Pequeno Príncipe.

Vacinas

Em crianças que já completaram seis meses, o Ministério da Saúde recomenda a vacinação contra o sarampo com a chamada “dose zero”. Isso significa que, além da dose aplicada nessa idade, as crianças deverão manter o calendário normal de imunização, com a primeira dose da vacina contra o sarampo, caxumba e rubéola aos 12 meses e, aos 15 meses, com a segunda dose.
Pessoas até os 29 anos de idade devem ter pelo menos duas doses da vacina na carteirinha de vacinação. Acima dos 30 anos, devem ter pelo menos uma dose da vacina. Depois dos 50 anos, a vacinação é indicada quando a pessoa entrar em contato com casos suspeitos ou confirmados de sarampo, de forma a manter o bloqueio vacinal.

Saiba quem deve se vacinar e quais vacinas são indicadas:

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