Dosagem da vitamina B12 deveria ser inclusa na rotina de exames, dizem médicos
Amanda Milléo
05/03/2018 17:00
Em casos de deficiência, Vitamina B12 pode ser suplementada, via oral ou injetável, em casos mais severos. Foto: Bigstock.
Há cada vez mais pessoas entrando nos grupos de risco para a deficiência da vitamina B12, e que nem sempre se atentam à importância da substância para o organismo. Apesar de veganos e vegetarianos serem os mais lembrados, pessoas com a doença celíaca, quem passou por uma cirurgia bariátrica ou mesmo idosos se encaixam na categoria que exige atenção de médicos e pacientes.
Com sintomas sutis e facilmente confundidos com outras condições, a maneira mais indicada para diagnosticar a deficiência da vitamina B12 é, fora a conversa com o médico, um exame de sangue — que pode ser desde um simples hemograma a um exame de dosagem da vitamina.
“Com uma boa anamnese [entrevista] com o paciente, o médico consegue direcionar quem tem uma possibilidade de deficiência. Primeiro ele vê os fatores de risco, se a pessoa tem doenças que afetam a absorção do intestino, como câncer gástrico, por exemplo. Com os fatores de risco, o exame mais específico da vitamina se justifica”, explica Mauro Scharf, médico endocrinologista e diretor médico da Unimed Laboratório.
O próprio hemograma, que é solicitado com maior frequência, dá indícios da deficiência. “O paciente com deficiência da B12 não produz direito as células vermelhas, o que provoca uma anemia específica, chamada de perniciosa. Pelo hemograma, através do volume corpuscular das células, é possível ter um indicativo”, diz o endocrinologista.
Dose ideal
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a quantidade recomendada de consumo de vitamina B12 por dia é de 2,4mcg. Para comparar, um pequeno pedaço de bife de fígado, ou cerca de 100g, contém 112mcg da substância. Outros alimentos ricos em B12 são leite e derivados, bife de fígado, marisco, ostra, salmão, ovo, frango, entre outros. Alguns alimentos industrializados, como bolachas recheadas e achocolatados, também possuem a vitamina B12 na composição, como suplementação.
O ideal, de acordo com Angela Regina Nazário, médica endocrinologista e professora da Universidade Positivo, é que o paciente dose a B12 com frequência anual, especialmente se houver uma mudança no padrão alimentar, com a exclusão da carne e derivados do leite, ou se faz uso de medicamentos para gastrite com frequência.
“Omeprazol, pantoprazol, todos esses medicamentos diminuem a absorção pelo organismo. É muito difícil que o paciente não entre em um grupo com fator de risco para ter a deficiência”, reforça a médica.
Sinais importantes
Fique atento se passar a sentir amortecimento das mãos e pés, depressão, reflexos lentos, queda do padrão cognitivo, raciocínio mais lento e memória ruim – esses são sintomas que podem indicar a falta. “Especialmente entre os idosos, os sinais são frequentemente relacionados a demências e doenças neurodegenerativas, mas podem significar uma deficiência na B12”, esclarece a endocrinologista Angela Regina Nazário.
Feito o diagnóstico da deficiência, o tratamento principal é a reposição da vitamina, que pode ser injetável (para casos mais graves) e reposições oral. “Quando a causa da deficiência é nutricional, pode não ser apenas a vitamina B12 que está deficiente, e o paciente pode precisar de outras”, frisa Mauro Scharf.