Saúde

Vitamina D: como obter e manter níveis ideais deste hormônio no corpo?

Vivian Faria
30/04/2024 16:44
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Expor parte do corpo ao sol diariamente – mas por poucos minutos – ajuda a ter níveis adequados de vitamina D no corpo. | wayhomestudio/Freepik

Curitiba não é a capital mais chuvosa do Brasil (em volume de chuva, Belém, por exemplo, é mais chuvosa), mas tem tantos dias nublados que não oferece as melhores condições para que o nosso corpo sintetize vitamina D. “A principal maneira de síntese da vitamina D é a partir do contato dos raios ultravioletas com a pele. Por isso, a exposição solar é importante”, diz Luciana Muniz Mechmann, médica endocrinologista do Centro de Diabetes Curitiba, que fica no Hospital Nossa Senhora das Graças.
O problema é que a vitamina D é essencial para a renovação óssea. “Os nossos ossos são formados por uma parte mineral – cálcio e fósforo –, que representam 50-70% do nosso esqueleto, e a vitamina D tem papel importante no metabolismo destes minerais, aumentando a absorção deles no intestino”, explica a endocrinologista e professora do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP) Barbara Luvison.
Sua deficiência, portanto, é um risco para a saúde óssea, aumentando as chances para o desenvolvimento de condições como raquitismo e osteomalácia, além do amolecimento e do enfraquecimento dos ossos. Conforme Barbara, ela contribui ainda para alterações da função nas paratireoides, glândulas reguladoras do cálcio, osteopenia e osteoporose.

10 a 30 minutos

Não existe, conforme as especialistas, uma regra geral para a exposição ao sol para síntese de vitamina D – cada indivíduo terá necessidades específicas. No entanto, Luciana estima que poucos minutos por dia podem ser suficientes. “Basta você se expor por 10 minutos ao dia, de preferência a um sol um pouco mais forte”, orienta. Barbara, por sua vez, sugere um período de 30 minutos.
No entanto, elas concordam que, para evitar problemas como o câncer de pele, é essencial seguir a recomendação de dermatologistas e evitar o período de pico de incidência de raios ultravioleta. O ideal é que a exposição seja antes das 10h ou depois das 15h.
Além disso, é preciso estar exposto diretamente ao sol, sem filtro solar ou interferência de materiais como o vidro. “Tem mães que, no inverno, colocam as crianças no sol com a janela fechada. Nesse caso, os raios batem no vidro e não ocorre a síntese”, exemplifica Luciana. Não é necessário, porém, expor o corpo todo: o antebraço ou a perna é o suficiente.

Reposição

Embora não pareça difícil, o processo acaba sendo mais complexo para quem mora em locais como Curitiba, com uma incidência solar mais baixa. Quando isso acontece e leva a uma deficiência, a reposição é indicada.
“A reposição deve ser feita pela via oral, sempre que o paciente tiver indicação. Pode ser feita em doses diárias ou semanais e a dose é individualizada para cada paciente, a depender da indicação e dos níveis dosados no sangue. São considerados adequados para população geral níveis acima de 20 ng/mL e para população de risco acima de 30 ng/mL”, afirma Barbara.
Luciana reforça a necessidade de acompanhamento médico para a reposição e afirma que, embora exista a possibilidade de fazê-la de forma injetável, essa não é a maneira mais indicada. “A vitamina D precisa ser feita de forma oral. A injetável não é recomendada, porque essas doses intramusculares e endovenosas são altíssimas e se acumulam no nosso tecido adiposo”, diz.
O risco é a superdosagem, que também pode ocorrer se as doses orais prescritas forem muito altas. “Doses diárias acima de 4.000 UI por períodos prolongados podem trazer riscos – e isso também vale para altas doses intermitentes por via endovenosa. Existe risco de intoxicação, que pode causar aumento do cálcio no sangue e insuficiência renal”, explica Barbara.
O tratamento não tem contraindicação e é, conforme Luciana, especialmente indicado para quem tem risco de desenvolver osteoporose, como os mais velhos, que sintetizam a vitamina D mais lentamente, aqueles que passaram por cirurgia bariátrica, que costumam ter absorção deficitária de nutrientes, e pessoas que têm problemas intestinais, como doença celíaca.
Quem não apresenta quadro de deficiência de vitamina D não deve se preocupar em repô-la. “Vários estudos muito bem desenhados somando mais de 30 mil indivíduos avaliados mostraram que a reposição de vitamina D em indivíduos sem deficiência não traz nenhum benefício, não previne câncer, eventos cardiovasculares, quedas ou diabetes”, diz Barbara.

Só sol?

Para a síntese de vitamina D, são essenciais os raios ultravioletas que estão bastante presentes em dias de sol, mas também podem estar presentes em dias nublados. Assim, embora menos eficiente, o mormaço também pode contribuir para manter a substância em níveis adequados no organismo.

Vitamina ou hormônio?

Apesar do nome, a vitamina D é, na verdade, um hormônio esteroide que controla o metabolismo ósseo e está envolvida em outros processos fisiológicos. Isso porque, em vez de ser um nutriente obtido a partir de uma alimentação balanceada, ela é sintetizada e ativada integralmente pelo nosso próprio corpo, como outros hormônios.