Saúde e Bem-Estar

Hugh Jackman faz sexta cirurgia contra câncer de pele

Amanda Milléo e Estadão Conteúdo
16/02/2017 10:00
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Hugh Jackman anunciou via redes sociais o tratamento de um novo câncer de pele, descoberto novamente no nariz. É a sua sexta cirurgia (Foto: reprodução Instagram do ator)

O ator Hugh Jackman, conhecido por encenar o personagem Wolverine da franquia “X-Men”, está em tratamento contra um novo câncer de pele. Em seu Instagram, o australiano publicou nesta segunda-feira (13) uma imagem do rosto com um curativo no nariz e revelou a notícia aos fãs.
“Outro carcinoma basocelular. Graças aos exames frequentes e médicos surpreendentes, tudo está bem. Parece pior com o curativo do que realmente está. Eu juro!”, escreveu o astro, que também usou a hashtag “#wearsunscreen” (use filtro solar).
Jackman divulgou em novembro de 2013 o diagnóstico de carcinoma de células basais, uma forma de câncer de pele benigna muito frequente, após a esposa Deborra-Lee Furness chamar a atenção para uma mancha que tinha no nariz.
A última cirurgia feita pelo astro foi em fevereiro de 2016, a qual o ator também divulgou no Instagram: “Um exemplo do que acontece quando você não usa protetor solar. Células basais. A forma mais branda de câncer, mas ainda assim perigosa. Por favor, use filtro solar e faça check-ups regulares”, escreveu na ocasião.
Mais de um câncer de pele?
Ter recorrência de cânceres de pele, especialmente do tipo carcinoma, não é incomum, conforme explica a dermatologista Clarice Uchida, médica do hospital Nossa Senhora das Graças e do consultório Idel.
“O que acontece normalmente é que a pessoa desenvolve esse câncer de uma exposição ao sol que teve durante 30, 40, 50 anos. As exposições vão se acumulando e quando a pessoa começa a desenvolver um, logo aparece outro e outro”, explica a especialista.
Por isso a recomendação para quem passou por um tratamento com câncer de pele é que volte ao consultório médico a cada três meses, além de manter a proteção contra os raios solares com protetor solar (fator 15, se ficar em local fechado e 30 se mesclar com local aberto e fechado) e bloqueadores físicos, como chapéu, boné, óculos de sol e roupas fotoprotetoras.
A preocupação dos especialistas, no entanto, é quando o câncer retorna exatamente no mesmo local do tumor anterior, o que poderia indicar uma agressividade maior da doença ou um erro no tratamento.
“Pessoas que tiveram câncer de pele têm mais chance de ter outros tumores. Até do ator Hugh Jackman poderemos ouvir outros cânceres no futuro. Se ele teve tumores em diferentes lugares do nariz, trata-se de um prognóstico melhor, porque são novos tumores. Se for no mesmo local operado da última vez, é um prognóstico pior porque indica que ou o câncer é mais agressivo ou o padrão como foi tratado anteriormente não foi o mais adequado para aquela lesão”, explica Ronaldo Oliveira, coordenador do Núcleo de Melanoma e Oncologia Cutânea do hospital Mãe de Deus, de Porto Alegre (RS).
O tratamento mais indicado – seja para pacientes com o primeiro câncer ou carcinomas recorrentes – é a cirurgia, que também possibilita mais chances de curas. Na cirurgia tradicional, é feita a retirada do tumor e de uma margem de erro, um pedaço de pele saudável para evitar que a doença retorne.
“Se a pessoa voltar a ter um novo câncer, no mesmo lugar que o antigo, hoje se indica outro tipo de cirurgia, chamada de MOHS. Trata-se de um procedimento um pouco mais apurado, que vê por microscópio se ainda há células cancerígenas no local e as retira aos poucos”, recomenda a médica Uchida.
Em alguns casos, é necessária a reposição da pele através de enxertos ou o uso de outro pedaço de pele saudável para cobrir a área em que foi retirado o tumor, conforme explica Roger Akira Shiomi, médico oncologista do Instituto de Hematologia e Oncologia de Curitiba (IHOC) e do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC/UFPR).
Quando a lesão do câncer não é tão extensa, e está logo no início, outra opção de tratamento é a crioterapia, onde é feito o congelamento do tumor. Se o tumor for muito extenso e a cirurgia não é possível, há recomendações pelo uso da radioterapia. 

“O local mais comum para desenvolver o câncer de pele é na face, principalmente no nariz, porque o sol tem incidência maior por conta do osso. Outras regiões importantes são as bochechas e a ponta da orelha, que ninguém lembra de proteger. Homens precisam cuidar também da nuca e, se forem carecas, usar uma proteção física, como boné” – Clarice Uchida, dermatologista.

Carcinoma x melanoma
Há dois tipos de câncer de pele, os carcinomas e os melanomas. Embora os primeiros sejam os mais comuns, são também os mais fáceis de tratar, geralmente precisando apenas de uma cirurgia. Os melanomas são raros, porém mais graves e costumam exigir cirurgias, imunoterapias e terapias alvo. Cada um deles se apresenta de uma forma e identificá-los corretamente é fundamental para um diagnóstico precoce. Confira como cada um se apresenta, de acordo com informações de Ronaldo Oliveira, coordenador do Núcleo de Melanoma e Oncologia Cutânea do hospital Mãe de Deus, de Porto Alegre; e Roger Akira Shiomi, médico oncologista do IHOC e do HC/UFPR:
Carcinoma
Surgem como uma lesão que não cicatriza. Geralmente formam escamas, crostas em cima e sangram em contato com a toalha ou quando é raspada. Tem uma coloração mais perolada e com vasos sanguíneos chegando até a lesão.
Melanoma
Existe hoje uma classificação, chamada de ABCDE para identificar os melanomas:
A: Assimetria. Quando visualmente se divide a lesão em duas partes e elas não são simétricas;
B: Bordas. As bordas da pinta são irregulares, não sendo uma borda redonda e perfeita.
C: Cor. Geralmente, quando a pinta tem uma cor uniforme é indicativo de pintas habituais. O melanoma pode ter colorações diferentes, uma parte mais escura, outra mais roxa, na mesma pinta.
D: Diâmetro. Se a pinta tiver um diâmetro grande, acima de 8 mm ou maiores, é hora de procurar um médico.
E: Evolução. Se com o passar do tempo a pinta se apresentar mais assimétrica, com bordas irregulares, coloração diferente e tiver um aumento progressivo, fique atento. As pintas habituais não costumam crescer. Qualquer pinta que aumente de tamanho, seja em um mês, seis meses ou um ano, precisa ser avaliada.
Não tratei, e agora?
Mesmo o carcinoma, versão menos agressiva da doença, pode levar o paciente à óbito, se não for tratado precocemente. Em alguns casos, porém, a estética chega a ser afetada.
“Hoje o câncer de pele não mata, mas pode mutilar. Eu operei pacientes com 20 anos de idade que precisaram retirar a tampa do nariz. Hoje a gente cura, mas seja qual for a região em que está o carcinoma, ele se torna mutilante e influencia a estética. Quem precisa tirar o nariz, não fica igual”, explica Ronaldo Oliveira, coordenador do Núcleo de Melanoma e Oncologia Cutânea do hospital Mãe de Deus, de Porto Alegre (RS).
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