Uma das frases que Jaime sempre colocava nas conversas com a equipe é que "inovar é começar". Na coluna anterior, trouxemos o tema das Infraestruturas Verdes, pontuando como elas vêm sendo utilizadas para ampliar a coexistência com a natureza em áreas urbanas ao trazer, de forma sistêmica, para o âmbito do paisagismo, aspectos naturais que valorizam e qualificam esses espaços. Aproximamos de diferentes escalas da cidade a reflexão sobre os impactos das ações humanas no equilíbrio dos ecossistemas, em tempos em que se avolumam as preocupações ambientais. Contudo, como acontece com iniciativas que são vanguarda, fica a pergunta: por onde começar? Como dar concretude a essas ideias e aspirações? Avançamos, portanto, para o universo destas tipologias; um “cardápio” de ações plenamente exequíveis, que descrevemos a seguir.
Parques e praças: são espaços permeáveis que contribuem com a absorção da água das chuvas e possibilitam a circulação e permanência da fauna;
Áreas de Preservação Permanente (APPs): compostas por vegetação nativa nas margens dos cursos d’água, que protege suas bordas e evita o assoreamento. Proporcionam, também, a formação de corredores de biodiversidade e conectividade ambiental com o aumento do fluxo de pássaros, insetos e pequenos animais;
Jardins de chuva: depressões topográficas projetadas para receber o escoamento da água pluvial proveniente de áreas impermeabilizadas, promovendo a retenção e a lenta infiltração da água da chuva no solo;
Canteiros pluviais: jardins de chuva compactados em pequenos espaços urbanos, funcionam como parte do sistema de drenagem. Além da capacidade de infiltração, auxiliam na irrigação da vegetação com o extravasamento do excesso da água;
Biovaletas: semelhantes ao jardim de chuva, são depressões lineares que recebem vegetação, solo e demais elementos que filtram a água da chuva, aumentando seu tempo de escoamento e dirigindo-a para os espaços de retenção, como as lagoas. Compostas por células ligadas em série que seguem a declividade do terreno, favorecem o extravasamento sequencial, contribuindo para a sedimentação de poluentes;
Lagoas pluviais: bacias de retenção que recebem o escoamento superficial das águas. Com espelhos d’água perenes, são valiosas como habitat da vida silvestre e na recuperação da qualidade da água. Além de qualificar a paisagem, tornam-se importantes ambientes de recreação e lazer quando integradas a parques;
Tetos verdes: oferecem contribuição ao sistema por absorver a água das chuvas, reduzir o efeito do calor urbano e criar habitat para a vida silvestre. Também ampliam a vida útil da impermeabilização dos telhados;
Arborização do Sistema Viário: qualifica as ruas e avenidas com sombreamento e melhoria do microclima. As folhagens ajudam na absorção da água da chuva.
Com o aumento da consciência global sobre os desafios socioambientais do século 21, vem se consolidando uma perspectiva de desenvolvimento que assume a importância da Infraestrutura Verde para as cidades. São as chamadas “Soluções Baseadas na Natureza”, ou NBS - Nature Based Solutions. A abordagem inovadora e sustentável busca a conservação e a utilização responsável dos recursos naturais, integrando os conhecimentos tradicional e científico para alcançar um equilíbrio entre as necessidades humanas e a preservação do meio ambiente; uma melhor coexistência. A depender do bioma, dos ecossistemas, do tipo de clima e das condições topográficas, novas tipologias se somam ao sistema para formar o que popularmente se conhece por “cidade-esponja”, cuja estratégia busca integrar a infraestrutura verde à gestão da água. E, com isso, aumentar a qualidade ambiental urbana e a resiliência das cidades frente a estes novos desafios, ao multiplicar jardins, canteiros, lagoas, entre as muitas possibilidades de começar e inovar!